COLUNA

Sônia Zaramella

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Relatos e fatos, pessoais ou não, do passado e do presente de Cuiabá e de Mato Grosso.

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A volta por cima da Arena Pantanal

Drone: Daniel B Meneses/Secom-MT

Dez anos depois de entregue aos torcedores, a Arena Pantanal, em Cuiabá, dá o troco àqueles que a julgaram uma obra pomposa, cara, sem utilidade. Construída em meio a situações difíceis para a Copa do Mundo 2014, a Arena, carimbada de ‘elefante branco’, recebeu oito seleções internacionais no Mundial e, de lá para cá, 335 jogos de campeonatos de futebol estaduais, nacionais e continentais.

O estádio foi gradativamente se colorindo, sendo lugar de competições importantes e se firmando como a casa do Cuiabá Esporte Clube, que está na elite do futebol nacional, disputando, agora em 2024, a Série A do Brasileirão pela quarta vez. A próxima missão da Arena Pantanal será receber os jogos da Copa do Mundo Feminina, em 2027.

Notoriamente, os problemas da Arena – que é multiuso – não foram resolvidos na totalidade durante o período de utilização. Todavia, a movimentação do espaço pode ser mensurada a partir de dados da Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer de Mato Grosso. Somente no ano passado, 67 eventos foram realizados na Arena, com público de 400 mil pessoas.

Precisamente sobre a quantidade de jogos de futebol, de 2014 até junho deste 2024 (excluindo 2016, ano em que não foi possível checar as demandas), a Arena Pantanal foi cenário de 335 partidas do Campeonato Mato-grossense, da Copa do Mundo 2014, da Copa América, da Copa Verde, da Copa do Brasil, da Copa FMF, das Séries A, B e C do Brasileirão, e das Eliminatórias da Copa, Sub-20 e Sul Americana.

Para o jornalista Humberto Frederico, da diretoria da Federação Mato-grossense de Futebol, o número de partidas realizadas na Arena, na década, “é excelente”, registrando uma média de 35 jogos no ano. “Só não é mais por causa do cuidado com o gramado. Jogos demais desgastam”, observou. Nesse período se destacaram 2018, com 62 jogos, e 2021, com 53 partidas.

Neste 2024 foram 20 jogos até agora, mas a perspectiva é que alcance um bom número no decorrer do ano todo. Quanto ao público, a partida Brasil x Venezuela, pelas Eliminatórias da Copa, ano passado, sobressaiu, com 40 mil torcedores. Segundo análise do jornalista Igor Siqueira, do UOL, “a Arena Pantanal não costuma ficar plenamente ocupada, mas o Dourado teve a 16ª média de público no Brasileirão 2023 (14.701 pagantes/jogo)”.

A capacidade da Arena Pantanal é de 41.277 pessoas. Suas obras, com valor inicial de R$ 342 milhões, mas finalizadas em R$ 598,6 milhões (com TI, cadeiras e gerenciamento), começaram em 2010, na área do antigo estádio José Fragelli, o Verdão, que foi demolido. A conclusão da Arena estava prevista para dezembro de 2012, mas isso ocorreu só em abril de 2014.

O governo de Mato Grosso é quem administra o local, porém o Cuiabá Esporte Clube gasta cerca de R$ 500 mil por ano na manutenção do estádio (incluindo o gramado) e paga 2% da renda bruta dos jogos como aluguel a cada partida. Além da Escola Arena, órgãos estaduais funcionam, atualmente, no espaço físico do estádio, entre eles, unidades da Secretaria de Estado de Segurança Pública, além do Juizado do Torcedor, Federações Esportivas e Base do Bombeiros.

Futebol é esporte, é diversão, é lazer, é emoção e fico animada com o jeito que a Arena Pantanal vai indo, nem muito acelerado nem muito devagar, mas ganhando cor de forma contínua. Talvez o “efeito caldeirão” no estádio demore a chegar, mas, na outra ponta, a tendência do futebol mato-grossense é avançar, pois tanto os tradicionais times de Cuiabá e Várzea Grande quanto os de Rondonópolis, Lucas do Rio Verde, Sinop, entre outros municípios, seguem sobrevivendo.

Sou cuiabana, de uma família “dombosquina’ (torcedora do Clube Esportivo Dom Bosco), que sempre gostou de futebol. Fui aos quatro jogos da Copa 2014 na Arena Pantanal e, recentemente, relembrei a avaliação que fiz das partidas que assisti, que foi a seguinte: 13 de Junho – Chile x Austrália (o jogo que mais gostei); 17 de Junho – Rússia x Coreia do Sul (o mais divertido); 21 de Junho – Nigéria x Bósnia (pouca emoção) e 24 de Junho – Japão x Colômbia (mais gols, mais animação).

No registro dos 10 anos da Copa no país, completados em junho, ao se considerar a escolha de Cuiabá como uma das sedes do Mundial, a Arena Pantanal – fruto dessa decisão e, por isso, motivo de críticas antes, durante e depois do evento – ‘ficou bem na foto’ e é uma das responsáveis pelo impulsionamento do futebol mato-grossense.

Para que o estádio deixe de vez a pecha de ‘elefante branco’, e siga dando suporte ao Cuiabá Esporte Clube, um dos times da elite do futebol brasileiro na atualidade, os torcedores mato-grossenses devem atender ao apelo feito pelo goleiro Walter, com 178 jogos até agora pelo Dourado.

Sábado passado, em entrevista ao final do jogo Cuiabá 0 x 0 Red Bull Bragantino, na Arena, Walter disse: “Sentimos falta do carinho maior do torcedor; fica aqui meu apelo a todos que puderem vir que venham nos apoiar”. Bora pra Arena, pessoal! Parabéns, Walter!

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