Motivos para comemorar
Nesta terça-feira, o eh fonte completa dois anos e motivos não faltam para comemorar. A newsletter ganhou prestígio e credibilidade fazendo o que se propôs desde o começo: jornalismo independente a serviço da sociedade.
Ainda há muitos desafios a serem superados, porque fazer jornalismo sem apoio financeiro de governos é tarefa árdua. Mas seguimos firmes no compromisso de oferecer informações precisas, baseadas em fontes confiáveis e de interesse das pessoas, como, por exemplo, o uso do dinheiro público.
Aproveito também a data para falar de economia, como me propus neste espaço. Como vai a economia? Dependendo do viés do interlocutor, a resposta pode ser bem ou mal.
Alguns indicadores, entretanto, são inequívocos. O desemprego, em 5,6%, que se encontra no menor patamar da série histórica iniciada em 2012 pelo IBGE. A renda do trabalhador está crescendo e o Brasil está fora do mapa da fome, segundo os parâmetros da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
A inflação encontra-se em trajetória de queda, com projeção de fechar o ano em 4,56%, percentual muito próximo da meta de 2025. Embora muitos economistas enxerguem o quase pleno emprego e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) – que pode chegar a 2,4%, segundo o Banco Mundial – como ameaças ao controle da inflação, não podemos desconsiderar que essas análises estão diretamente relacionadas às escolas do pensamento econômico com as quais se identificam. Muitos deles se mostram perfeitamente alinhados ao pensamento do mercado financeiro, que não tem foco nem preocupação com as questões sociais do país. Esta é uma preocupação do governo, eleito com um programa focado na redução da pobreza e da desigualdade.
A questão fiscal e o equilíbrio das contas públicas era um desafio em outubro de 2023, quando o ehfonte começou a circular, e continua sendo ainda hoje. O Congresso prega austeridade fiscal, mas se recusa a aprovar a redução de subsídios, a taxação dos mais ricos e tem rejeitado as propostas do governo para equilibrar as contas. Bets, bancos e bilionários encontram no Legislativo um terreno fértil para seus lobbies e estão levando vantagem na queda de braço com o Executivo.
O Judiciário, com super salários e bonificações milionárias, se comporta como se não houvesse amanhã. As cúpulas defendem a austeridade fiscal, mas, na prática, trabalham pelos seus.
O Executivo deveria reduzir gastos com práticas mais austeras na administração pública. Evitar gastos exagerados com viagens, aluguel e compra de imóveis, por exemplo, além de outras extravagâncias que não cabem na atual conjuntura, mas, ainda assim, a margem de economia é bem pequena, pois o Orçamento está cada vez mais engessado com emendas parlamentares impositivas e as despesas obrigatórias.
Quando falamos em equilibrar as contas, estamos falando de bilhões. A última projeção feita pela Instituição Fiscal Independente (IFI), do Senado, prevê que o governo precisará de um esforço adicional de R$ 27,1 bilhões no último trimestre de 2025 para alcançar a meta de resultado primário zero, estabelecida na Lei de Diretrizes Orçamentárias.
A receita recomendada pelos economistas alinhados ao mercado financeiro para o equilíbrio das contas no médio prazo é o corte de benefícios sociais, como a desvinculação dos benefícios previdenciários do salário mínimo, que, pela atual política de reajustes, recebe aumentos reais a cada ano, acima da inflação. Eles também defendem o fim do piso para gastos com saúde e educação, previsto na Constituição.
O governo insiste na taxação dos BBBs (bets, bancos e bilionários) e a queda de braço com o Congresso continua. O que temos a ver com isso? Sem justiça tributária, o caminho da justiça social fica muito mais difícil. E é isso que queremos, não é mesmo?
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