Cuiabá, 305 anos para celebrar
Cuiabá, polo irradiador de Mato Grosso, celebra seus 305 anos de história, cultura e tradições. Nossa edição hoje é comemorativa, e compartilhamos um pouco de nossa vivência com relatos que refletem a “alma cuiabana”, seja de tchapa e cruz, pau rodado ou pau fincado.
Oito de abril é dia de celebrar a rica herança e o espírito acolhedor da capital mato-grossense. Reunimos um pouco da história e curiosidades. Existem muitos desafios a serem superados, mas hoje é dia de celebrar os encantos da nossa querida capital! Parabéns, Cuiabá!
Equipe do eh fonte.
Origem do nome de Cuiabá
Existem várias versões para a origem de Cuiabá. Uma delas é de que o nome tem origem na palavra bororo Ikuiapá que significa “lugar da Ikuia” (ikuia: flecha-arpão, flecha para pescar, feita de uma espécie de cana brava), o nome designa uma localidade onde os índios bororos costumavam caçar e pescar, no córrego da Prainha, que corta a área central de Cuiabá. Outra explicação possível é a de que Cuiabá seria uma aglutinação de Kyvaverá, que em guarani significa ‘rio de lontra brilhante’. Uma terceira hipótese conta que a origem da palavra está no fato de existirem árvores produtoras de cuia à beira do rio e que Cuiabá significaria “rio criador de vasilha”. Há ainda outras versões menos embasadas historicamente, pois se aproximam mais de lendas do que de fatos. (IBGE)
A cuiabana ‘pé-rachado’ com 2 filhos candangos
Sônia Zaramella
Sou uma cuiabana “de tchapa e cruz” nascida no Mundéu, bairro próximo ao morro da Conceição, onde está o Santuário de Nossa Senhora do Bom Despacho, uma das igrejas mais suntuosas de Cuiabá. Hoje homenageio os 305 anos da minha terra natal, dos meus avós e dos meus pais e irmãos, com o coração cheio de afeto, alegria, gratidão e saudade também.
Sigo apegada a minha ‘cuiabanidade’. Sou devota de São Benedito, apreciadora da nossa comida (pacu, piraputanga, paçoca de pilão, revirado de rim, carne com banana etc.), admiradora do (pouco) verde dos nossos quintais, da alegria do som do rasqueado e amo os rios e cachoeiras que circundam Cuiabá.
Talvez o que faça eu não me enxergar uma cuiabana genuína seja o fato de meus filhos, pelas circunstâncias da vida, terem nascido em Brasília. Uma situação que resolvi logo, pois Bianca, aos cinco anos, e Bruno (em memória), aos dois meses de idade, passaram a viver em Cuiabá e gostam dela igual eu e meu marido José Luiz. Aí está meu outro senão, com pais e avós cuiabanos, ele, também por conjunturas da vida, nasceu em Ponta Porã quando Mato Grosso era ainda uno.
Mas hoje suspeito que seja mais cuiabano que eu, pois nem do calor extremo José reclama!
Sem mais delongas, neste dia festivo, recomendo comer um filé de pintado (do rio) a palito acompanhado de uma cerveja bem gelada em qualquer bar, boteco ou restaurante da capital.Tim-Tim Cuiabá!!!
Uma mineira que está em casa
Francisca Medeiros
Nasci em Minas, vim para Cuiabá já adolescente, temerosa, mas curiosa, pelo que viveria na nova cidade. E tem sido ótimo! Os amigos de primeira hora no colégio continuam na minha vida, os da faculdade, também. A mesma coisa com os que ganhei por onde trabalhei. Casada com um paulista, tenho dois filhos cuiabanos.
Me sinto privilegiada porque minha profissão me proporciona conhecer, e viver com intensidade, esta cidade dinâmica, desafiadora e muito potente.
Que nossa Cuiabá continue a terra onde os sonhos se realizam e onde a fraternidade floresça.
Cuiabá que acolhe
Adriana Mendes
Quando cheguei em Cuiabá, com 6 anos, lembro que voltei para casa chorando porque os meninos com quem estava brincando na rua me chamaram de “guria”. Eu nunca tinha ouvido essa expressão e achei que estivessem me xingando. Sou mineira, lá ninguém usava esse termo. Hoje dou risada do episódio. Na época, o linguajar sulista já se manifestava na capital, sinalizando a migração para Mato Grosso.
Também não queria comer peixe. Recordo que fui almoçar na casa de amigos do meu pai e até fizeram outro prato para me agradar. Que hospitalidade! Hoje adoro peixe, piraputanga é meu preferido. Confesso que não comi cabeça de pacu, mas morei fora três vezes e voltei para o calor que acolhe.
Minha filha é cuiabana, minha mãe aqui se enraizou. Só tenho a agradecer à cidade. Que o trabalho no eh fonte dê bons frutos e bora deixar de ‘moage’…. Viva Cuiabá!
Aqui criei raízes
Fabrício Baldini
Cheguei em Cuiabá ainda há pouco tempo, em abril de 2022. Assim como Adriana e Chica sou de Minas Gerais e me lancei numa nova jornada, “empurrado” pela universidade, na capital de Mato Grosso.
Lembro-me com clareza da minha chegada. Era dia 20. Às 7 da manhã entrava no quarto do meu apartamento. Este era cortado pelos raios de sol já calorosos da manhã. No primeiro dia chorei e matutava: “o que vim fazer aqui?” Contudo, esse sentimento ficou para trás e logo no segundo dia encarei Cuiabá como minha nova cidade e decidi que estaria disposto a fazer dela o melhor lugar do mundo para mim. E assim é.
Aqui fiz grandes amigos, cresci na universidade, amadureci, conheci lugares maravilhosos, provei sabores novos e, sobretudo, sigo grato por ter sido acolhido por esta cidade. Para mim, Cuiabá se assemelha a Minas em muitos parâmetros e acho que é por isso que aqui criei raízes.
À Cuiabá, que continua me acolhendo, palmas nesta data!
Cuiabá e eu
Margareth Botelho
Eu me orgulho de ser cuiabana há 40 anos. Agradeço a tudo que esta cidade me proporcionou. Raízes goianienses fincadas numa terra de muito amor.
Hoje, no dia em que completa 305 anos, desejo vida longa e farta para Cuiabá, com muita saúde, educação, justiça, moradia, emprego e lazer.
Que a dignidade e a honestidade sejam palavras de ordem dos governantes, que estão com a batuta nas mãos conduzindo a nossa cidade.
Kyvaverá: uma declaração de amor e devoção à nossa cidade
Judite Rosa
O poeta, imortal da Academia Mato-grossense de Letras, Ivens Cuiabano Scaff, que morreu recentemente, era um apaixonado por Cuiabá. Entre as inúmeras homenagens que fez, por meio da escrita, para a capital está o livro Kyvaverá, lançado pela Editora Entrelinhas em 2011. Na apresentação da obra, Ivens destaca: – “Gostaria que esses versos fossem lidos da maneira como foram feitos, preitos de amor e devoção à nossa cidade, de um menino-verseiro do Porto”.
O primeiro poema de Kyvaverá é ABC de Cuiabá que reproduzo aqui:
Com a letra C de Cuiabá
escrevo também
chapada, corixo e coxipó
Pego o U das Usinas
dos nossos avós usineiros
das Ubás
de nossos bisavós canoeiros
E convido a Uiara para uma festança
O I, uso duas vezes no piqui
três vezes no siminina
que se ouve só aqui
Com o B de todos os bairros
do bosque, barcelos, baú
escrevo baías, bem-vindo e bem-querer
O primeiro A é de antiga
o segundo é simplesmente o começo da simples palavra Amor
Eu, paranaense e pau fincado nesta terra, aprendi a amar Cuiabá e alguns dos seus filhos que, como Ivens, tão bem descrevem e representam a sua tradição e seus encantos.
Conheça alguns ícones cuiabanos
Cada um no seu tempo e de vertentes diferentes, os seguintes cuiabanos ficaram famosos e fazem parte da história do país:
Joaquim Murtinho: Nascido em Cuiabá em 1848, Joaquim Murtinho foi um influente político liberal e Ministro da Fazenda, conhecido por restaurar as finanças do Brasil. Serviu como senador por Mato Grosso por três mandatos até sua morte em 1911. Sua família tinha raízes profundas na história cuiabana.
Eurico Gaspar Dutra: Primeiro presidente cuiabano e 16º presidente do Brasil, Eurico Gaspar Dutra governou de 1946 a 1950, inaugurou a Rodovia Presidente Dutra e proibiu os jogos de azar. Faleceu em 1974, deixando um legado que inclui o Estádio Eurico Gaspar Dutra em Cuiabá.
Manoel de Barros: Poeta modernista da terceira geração, Manoel de Barros nasceu em Cuiabá em 1916. Na infância, morou na região do Porto; depois sua família foi para Mato Grosso do Sul. Sua obra, repleta de neologismos e uma visão surrealista da natureza, lhe rendeu prêmios importantes, incluindo o Jabuti. Faleceu em 2013, em Campo Grande (MS).
Dante Martins de Oliveira: Nascido em Cuiabá em 1952, Dante ficou conhecido pela emenda das Diretas, para garantir o restabelecimento de eleições diretas para presidente. Foi eleito prefeito de Cuiabá duas vezes (1985/ 1992), ministro da Reforma Agrária no governo Sarney (1986) e governador de Mato Grosso, (1994), deixando um legado político significativo até sua morte em 2006. (RDNews/eh fonte)
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Cuiabá abriga único museu de bonecas da América Latina
O único museu de bonecas e brinquedos da América Latina está em Cuiabá e possui mais de 5 mil itens catalogados. A criadora do museu, Terezinha Barros, resolveu colecionar bonecas ainda na adolescência e construiu o espaço, anos depois, com recursos próprios. No museu estão expostas bonecas raras, como a da atriz mirim de musicais da década de 1940 Shirley Temple, da primeira brasileira eleita Miss Universo Yeda Maria Vargas, da cantora e atriz Carmem Miranda e o primeiro modelo da Barbie, lançado em 1959, além de bonecas de diversos países como França, Estados Unidos e Suíça. Aberto apenas aos sábados, confira aqui. (eh fonte/Museu das bonecas)
Baguncinha é patrimônio cultural e imaterial de Cuiabá
Uma lei sancionada em março de 2022 reconheceu o baguncinha e a maionese temperada como patrimônio cultural e imaterial de Cuiabá, assim como a farofa de banana, a cabeça de pacu e a carne seca. O preparo do lanche é feito na chapa com combinações de sabores, contendo pão, hambúrguer, ovos, queijo, presunto, alface, tomate, salsicha, bacon e calabresa.
A história do lanche teve início na década de 1970, na avenida da Prainha, perto do Morro da Luz, na região central da capital. Era ali que funcionava o trailer Hot Dog Gato Frio que começou a vender o X-Bagunça. (G1-MT/pnbonline)
Três curiosidades sobre Cuiabá
Ao falar de Cuiabá, para quem vive aqui, logo vêm pensamentos como hospitalidade, boa comida e muito calor. Mas a capital mato-grossense tem muito mais a oferecer e algumas curiosidades que valem a pena saber, principalmente para quem pretende conhecer a cidade. Uma delas é a de que Cuiabá é o Centro Geodésico da América do Sul, ou seja, o ponto onde todas as linhas que dividem a América do Sul em partes iguais se encontram, ficando exatamente na parte central do continente.
Além disso, tem muita influência da cultura indígena e boa parte da herança dos povos originários é preservada no Museu Rondon, dedicado a homenagear o legado do Marechal Cândido Rondon, figura histórica que liderou a instalação de infraestrutura na região, respeitando as aldeias indígenas locais e suas lideranças. Rondon nasceu no distrito de Mimoso, mas foi registrado na capital.
Cuiabá também é a única cidade localizada na confluência dos três principais biomas do país: a Amazônia, o Cerrado e o Pantanal. (eh fonte/123 milhas)