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Margareth Botelho

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Indústria ou PIB eleitoral em Cuiabá

Foto: reprodução/redes sociais

A indústria de buracos na Capital já chega a uma produção que reúne pouco mais de 80 mil crateras abertas município afora, entre bairros de classe A, B, C e D. Não importam se surgem em vias com infraestrutura moderna e asfalto de primeira qualidade para facilitar o trânsito ou em ruas sem pavimentação, buracos já tomam conta de boa parte da cidade. Enquanto a população se preocupa com o caos e reclama, a Prefeitura parece ignorar. Aliás o poder público tem vivido a reboque dos meios de comunicação, especialmente das redes sociais, que abrem espaço para os revoltados cidadãos e suas denúncias. Crateras na mídia têm boa chance de serem fechadas. As demais permanecem um bom tempo esquecidas e chegam a fazer aniversário.

A existência de 80 mil buracos em Cuiabá é uma somatória nascida em cálculos de vereadores de oposição ao prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), que está no segundo mandato. Uma administração, iniciada em 2021 e cercada por denúncias “consistentes” de fraudes, propina, favorecimento ilícito, situações não menos pior do que quando o político foi flagrado em uma gravação de vídeo colocando maços de dinheiro nos bolsos. Por muito tempo e acredito que até hoje Emanuel é conhecido pelo apelido de “o homem do paletó”. Aliás a somatória de 80 mil buracos é resultado do discurso do político em 2017, quando assumiu a prefeitura da Capital. Naquela época o cálculo apresentado por Emanuel reunia 40 mil crateras. Passados os anos, a oposição chegou a 80 mil.

Com uma indústria com PIB eleitoral tão promissor, vereadores não cochilam e percorrem ruas e avenidas do município em busca das crateras e seus prejuízos. Mais grave do que carros, motos e ônibus caindo em buracos e quebrando peças, rasgando pneus e até atropelando pedestres, surge o lamentável indicador de que já existe um número significativo de mortes por acidentes. A última vítima foi um rapaz de moto que, ao desviar de um buraco, acabou morrendo. O acidente foi neste ano, às vésperas de 8 de abril, aniversário de Cuiabá.

É absurdo que motoristas e motociclistas sejam condenados a enfrentar um problema grave de infraestrutura. Uma malha viária sem mínimas condições é ponto somado à qualidade de vida da população e também ao desenvolvimento econômico de uma cidade, do porte de Cuiabá. Não é exagero comparar buracos a armadilhas para motoristas e pedestres. Como não é afirmar que a Capital passa por momentos de tamanha incompetência administrativa, onde quase nada está funcionando minimamente. O setor de saúde surge como um exemplo. Embora tenha sofrido intervenções, nenhum gestor alcançou condição razoável de atendimento na rede básica e nas unidades de emergência.

Cuiabá sobrevive de uma cultura secular, mantida por ativistas que simplesmente amam a cidade, que gostam de lambada, de produzir arte que vem do barro e da madeira, a beleza do cururu e siriri, fumo de rolo, guaraná ralado, das mulheres rendeiras e de uma linguagem que sobrevive para mostrar às próximas gerações que essa terra tem passado e terá futuro. Chega de brincar com a Capital, que já perdeu a beleza dos quintais de flores e frutas, o título de Cidade Verde que tanto honrava a população. Então que não se faça mais politicagem com o patrimônio de Cuiabá. No lugar de muitas asneiras, que administradores cuidem das ruas e avenidas, adotem um planejamento urbano que reúna desde rede sanitária à cobertura asfáltica. Que organizem a rede de saúde pública, gerem empregos, invistam na cultura, enfim revigorem valores, porque tudo isso é possível quando a honestidade e a honra são patrimônio.

 

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