Discussão sobre BRT de Cuiabá sai dos trilhos e sobe no palanque
A construção do BRT (Ônibus de Transporte Rápido) em Cuiabá, com cronograma atrasado, promete ser um dos temas centrais na eleição de 2024. O debate já gerou um confronto acalorado na Assembleia Legislativa de Mato Grosso entre os deputados Eduardo Botelho (União) e Lúdio Cabral (PT), ambos pré-candidatos na capital. Agora, as campanhas buscam conquistar os eleitores utilizando estrategicamente o tema.
A tensão aumentou após o deputado Lúdio Cabral apresentar um projeto de lei que determina a obrigatoriedade de licitação para a concessão do BRT, estipulando a tarifa máxima de R$ 1 por cinco anos, subsidiada pela venda dos vagões do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) do governo de Mato Grosso para a Bahia. Lúdio justifica que o governo já subsidia R$ 2,35 da tarifa de R$ 4,95, enquanto a empresa recebe R$ 7,30 por passageiro.
A situação atingiu o clímax quando Botelho empurrou Cabral, que se desequilibra e quase cai. Um incidente amplamente repercutido, inclusive na mídia nacional. Perder a cabeça e demonstrar nervosismo não é uma boa imagem para campanha. Para contornar a crise, Botelho alegou que a proposta do adversário é para “enganar a população”.
A proposta de Lúdio tocou em um ponto nevrálgico, gerando a mobilização de apoiadores. A deputada federal Gisela Simona (União) classificou o episódio como ‘uma armação’, enquanto Jayme Campos defendeu o aliado, descrevendo-o como uma pessoa ‘tranquila’ que apenas reagiu a uma “provocação.”
O uso de um microfone de lapela pelo deputado petista foi criticado, isso porque ao divulgar a cena da confusão em suas redes sociais o vídeo gravado por sua equipe tinha um áudio nítido de sua fala, enquanto na transmissão da TV Assembleia os microfones estavam desligados. Outro ponto polêmico que gerou confusão. No entanto, Lúdio sempre usou lapela para gravar seus pronunciamentos e não foi nada anormal.
Já a campanha de Botelho se mostra preocupada, principalmente devido aos contratos de sua família com a prefeitura de Cuiabá. Recentemente, o pré-candidato declarou que as empresas comandadas por seu filho Eduardo Rodrigues Botelho e seu irmão Rômulo César Botelho terão contratos suspensos caso seja eleito. O deputado federal Abílio Brunini (PL), outro pré-candidato na disputa, critica o aparente conflito de interesses.
Após a confusão na ALMT, o governador Mauro Mendes também anunciou uma nova licitação para o BRT, respondendo a um Termo Aditivo do modal apresentado por Lúdio, que poderia beneficiar a família de Botelho. A Procuradoria Geral do Estado (PGE) já está analisando a mudança. Com tanto dinheiro em jogo, o tema do BRT veio pra ficar. É a herança do antigo VLT abandonado pelo governador.
Nos bastidores, a campanha de Botelho planeja uma pesquisa de opinião para avaliar a credibilidade da tarifa de R$ 1 e definir a estratégia de comunicação. Em período eleitoral, cada candidato usa suas armas para ganhar vantagem. Se a pecha de proposta demagoga pegar, Lúdio terá muito trabalho para convencer a população.
Com o cenário político cada vez mais acirrado, o debate sobre o BRT em Cuiabá revela não só a complexidade dos projetos de infraestrutura, mas também como eles são instrumentalizados no jogo eleitoral. A população, por sua vez, deve estar atenta às promessas e cobrar transparência.
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