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Sônia Zaramella

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Relatos e fatos, pessoais ou não, do passado e do presente de Cuiabá e de Mato Grosso.

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A moça do tempo em Cuiabá

 

Pryscilla, em Cuiabá, na apresentação do Fórum. Foto: Reprodução Arquivo Pessoal

Especialista em tempo e clima, a jornalista Pryscilla Paiva esteve recentemente por três dias em Cuiabá, período suficiente para sentir na pele o ambiente de secura, calor, queimadas e fumaça que estacionou na capital mato-grossense. No hotel onde se hospedou, Pryscilla, para dormir, usou uma toalha úmida no rosto como recurso de cuidado com a voz e para ajudar a respiração. Esta foi a terceira visita da jornalista à capital, mas foi a primeira vez em que viu e sentiu de perto os efeitos das mudanças climáticas em Cuiabá.

Com mais de duas décadas de jornalismo, Pryscilla Paiva, atualmente, é editora de meteorologia do Canal Rural e, desde 2012, é âncora do principal jornal da emissora, o Mercado & Cia. Há 13 anos trabalha pautas do agronegócio, setor que impulsiona o PIB do Brasil. Nessa condição, apresentou, no último dia 9, o Fórum internacional da Agropecuária (FIAP), em Cuiabá, evento que antecipou as discussões do G20, grupo que reúne as maiores economias do mundo. Temas como segurança alimentar e transição energética foram discutidos no Fórum.

À coluna, Pryscilla assegurou que o debate dessas pautas foi relevante, “principalmente em um ano em que as mudanças climáticas se fazem tão presentes nos extremos que estamos vivendo”. Ela pontuou que “das enchentes catastróficas do Rio Grande do Sul às queimadas que atingem grande parte do Brasil, a Terra está dando sinais do aquecimento global”. Lembrou que, “como a atmosfera não possui barreiras, é urgente a diminuição do uso dos combustíveis fósseis para mitigar os efeitos danosos das emissões de gases do efeito estufa”.

Com relação à qualidade do ar em Cuiabá, que está há cerca de 150 dias sem chuva (o último registro significativo de precipitação foi no dia 18 de abril, quando choveu 35mm), Pryscilla Paiva disse que “está péssima”, apontando que, na capital mato-grossense, a umidade relativa do ar chegou a 9%. “Abaixo de 12% já é considerado emergência”, alertou ela. Para os próximos dias, os institutos não preveem chuva na cidade, o que a jornalista acompanha, assinalando que “Mato Grosso, como um todo, só vai ter chuva no fim de outubro”. Pryscilla disse que “as mudanças climáticas são responsáveis pelos longos períodos de seca”.

Ao destacar que “os eventos extremos estão cada vez mais frequentes”, ela ponderou que “é exatamente com essas preocupações que foi realizado o Fórum, em Cuiabá. Ela disse que, “em 2050, seremos 10 bilhões de pessoas”, para indagar, em seguida, “como alimentar tanta gente e ainda driblar os desafios climáticos que vão das secas às enchentes?”. O Canal Rural deu a largada com o FIAP, colocando-se na frente das discussões, disse Pryscilla, afirmando que “foi um enorme privilégio estar presente no evento, já que o tempo faz parte da minha carreira desde o início”.

A jornalista, que já trabalhou no Grupo Bandeirantes e Rede Record em programas de jornalismo e entretenimento, participa também do maior evento feminino do agro, que é o Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio, em SP. Em Cuiabá, Pryscilla, além de apresentar o FIAP, mediou o debate, no Fórum, do CEO Global da JBS, Gilberto Tomazoni, e o Secretário do Comércio do Ministério da Agricultura, Roberto Perosa. Eles discutiram medidas para assegurar a produção de alimentos em um mundo onde o clima está mudando.

Na sequência do Fórum, outro encontro internacional foi realizado em Mato Grosso, desta vez em Chapada dos Guimarães, de 10 a 14 de setembro. Ministros da Agricultura de países do G20, da União Europeia e União Africana se reuniram no Malai Manso Resort, a cerca de 90 km da capital. Em meio às queimadas e à fumaça, além da secura, os participantes desse evento debateram sustentabilidade nos sistemas agroalimentares; ampliação do comércio internacional para a segurança alimentar e nutricional; e o papel de camponeses e povos originários para sistemas alimentares, entre outras questões.

Nesses encontros, o Canal Rural teve a parceria de cobertura com a CNN Brasil, um dos mais relevantes veículos de notícias do mundo, “tamanha a relevância das questões discutidas perante as mudanças climáticas acontecendo”, informou Pryscilla.  “O Brasil é protagonista na produção de alimentos do mundo e já está no caminho da transição energética tão necessária para mitigar as mudanças climáticas do planeta. Nunca tivemos tamanha oportunidade de mostrar esse protagonismo, já que sediaremos a COP 30 em Belém, no ano que vem”, completou ela.

Sucesso sempre, Pryscilla, siga com dedicação e seriedade a especialização (o tempo e o clima) que escolheu para exercer o jornalismo. De minha parte, vou acompanhando daqui, do centro da América do Sul, essas transformações do clima que não se apresentam favoráveis nem ao ser humano nem ao planeta.

P.S: Da primeira vez que Pryscilla esteve em Cuiabá até agora transcorreram 18 anos, foi em 2006. Ela veio, a convite de minha filha Bianca, junto com a amiga Simone Blanes, hoje jornalista da revista Veja. Elas nos visitaram para celebrar o aniversário de Bianca conosco por aqui. Na ocasião, eu e meu marido José Luiz as hospedamos em casa, com muito carinho e muito calor (sem ser extremo) da Cuiabá daquele ano.

*Os textos das colunas e dos artigos são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do eh fonte

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