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7 de outubro: um ano depois

Bárbara Rosa*

Foto: Forças de Defesa de Israel

Há exatamente um ano, forças especiais da Brigada Al-Qassam na Faixa de Gaza realizaram uma operação de incursão militar sobre todos os postos de comando do exército israelense na fronteira, desarticulando suas estruturas e realizando uma histórica vitória sobre seus colonizadores.

O objetivo era usar reféns israelenses para uma troca de prisioneiros de guerra. Na época, Israel tinha em suas prisões mais de cinco mil palestinos, entre crianças, homens e mulheres, muitos sem acusação ou julgamento.

A ação militar, que contou com o apoio de vários grupos da resistência palestina em Gaza e amparada pelo direito internacional, trouxe à tona os mais de 100 anos de violência das milícias e do estado sionista aos povos do Oriente Médio.

O estado de Israel, criado sobre as terras e corpos de palestinos em 1948 com o apoio dos EUA e da ONU, realiza desde então massacres, tomadas de terras ilegais e controles militares sobre a vida dos palestinos que permanecem em seu território. O desrespeito aos acordos e leis internacionais tem um objetivo: expandir a ocupação ilegal da Palestina.

O interesse naquela região vai muito além de embates religiosos. Essa desculpa, promovida há décadas para angariar apoio ao único país supremacista do mundo, que insiste na narrativa de que não há lugar seguro para judeus, é usada para manter os crimes do Estado de Israel impunes.

Isso ficou evidente após 7 de outubro de 2023. O choque inicial sobre as histórias que saíram na mídia sobre aquele dia, hoje desmascaradas como mentiras, deram lugar a um sentimento de desconfiança quando as primeiras imagens de crianças, mulheres e famílias inteiras assassinadas começaram a aparecer nas redes sociais.

Ataques a hospitais, ambulâncias, universidades, escolas, jornalistas e equipes médicas se tornaram diários, com a desculpa de que esses locais e pessoas estariam ligados ao Hamas. O excesso de morte e violência, sem precedentes na história moderna, forçou a narrativa popular a virar de ponta cabeça o discurso apresentado pelos líderes ocidentais e em nossos telejornais diários. Ficou explícito que havia algo de errado na história que nos era contada sobre o conflito entre palestinos e israelenses.

Historiadores e estudiosos de genocídios, muitos deles judeus e israelenses, foram alçados de volta aos holofotes para contar a verdadeira história. O povo tomou as ruas das capitais pelo mundo, com marchas contra o genocídio palestino chegando aos milhões de pessoas em cidades como Londres, Nova Iorque e Toronto. Grupos judaicos anti-sionismo estiveram à frente da maioria delas, acompanhados por pessoas de diferentes raças, credos e religiões.

Na Organização das Nações Unidas, a verdadeira face dos Estados Unidos e países do Ocidente (ou Norte Global) foi escancarada. Leis internacionais não servem para proteger a população de países do Sul Global quando esses não vão de encontro aos interesses imperialistas. Assim, o genocídio continua.

Um ano depois, a população mais letrada do mundo não consegue reconhecer a faixa de terra onde cresceu, cultivou, construiu e amou abaixo de forte opressão. Gaza está destruída. Mais de 900 famílias inteiras foram apagadas do registro civil pelos bombardeios israelenses realizados com aviões e armas americanas. O número de mortos estacionou em 40 mil por seis meses, pela dificuldade em reconhecer os corpos estraçalhados.

Ainda assim, seu povo segue firme, lutando contra a fome provocada por seus colonos, inventando saídas inimagináveis para curar os feridos sem remédios em hospitais bombardeados, criando escolas em tendas, voltando a cultivar suas terras e encontrando no meio do inferno na Terra motivos para seguir celebrando a vida.

Israel já perdeu essa guerra. Mesmo utilizando de seu enorme poderio militar, agora expandido para o Líbano, não conseguiu alcançar nenhum dos objetivos que estipulou para si mesmo. Além disso, a resistência não foi desfeita. Segue enfrentando um dos maiores exércitos do mundo com armas artesanais e seu apoio só aumenta face aos horrores perpetrados pelos israelenses.

A opinião popular, cada vez mais informada sobre o sionismo e contrária às suas ações, enxerga esse Estado pelo que é: uma entidade extremista e racista, baseada em uma ideologia criada sobre a égide do colonialismo e em seu estado mais avançado. Sua existência não tem mais lugar no mundo atual. Resta saber quando os líderes mundiais agirão de acordo.

*Bárbara Rosa é cuiabana, comunicadora e membro do Comitê Mato-grossense em Defesa da Palestina.

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