Grãos n’ Roses
Mario Medeiros Neto*

Foto: reprodução redes sociais
Escrevo ainda sob os efeitos da noite histórica de ontem na Arena Pantanal. O termo “histórico” anda meio avacalhado, mas é para momentos como este que ele serve. O primeiro show de uma mega turnê mundial em Cuiabá é algo histórico.
Falo da minha experiência, e em um evento deste tamanho certamente tiveram outras diferentes, mas a minha foi perfeita. 10 de 10.
Atendendo a muitas orientações, até da minha companheira que estava em viagem e mandou mensagem avisando que “todo mundo já está indo”, fui cedo.
Fui de carro de aplicativo, que me deixou sem enfrentar muito trânsito nas imediações da Arena, de onde pude chegar ao acesso da área VIP, área para a qual eu tinha comprado meu ingresso.
No acesso, uma fila organizada, rápida e fluida, com revista, checagem do ingresso e entrega ágil de pulseiras.
Na área onde assistiria ao show, três grandes estruturas de bar, com muitos atendentes, além de atendimento volante caminhando entre o público. Cerveja cara, mas o serviço justificava.
Os banheiros também se garantiam: bastantes e de fácil acesso. Sem fila o show inteiro. E que show!
Shows, na verdade. Porque, na abertura, os Raimundos deram uma amostra generosa do que viria. Quarenta minutos de pancada, incendiando o Verdão. Um sucesso atrás do outro, cantado do início ao fim em conjunto com uma plateia que parecia ter esperado a vida inteira por um evento deste tamanho por aqui. E esperou. E veio.
Confesso que fiquei um pouco abestalhado de ver tanta gente cantando e pulando com o rock dos Raimundos no meio de Mato Grosso, o estado do agro. Me deu um conforto gostoso, rock aqui é mato!
E aí, após uma certa demora, quando até se ensaiou um coro besta, logo abafado por vaias, vieram eles, os grandes astros da noite.
E ninguém é astro mundial à toa. Que coisa maluca é assistir ao vivo a um espetáculo do Guns n’ Roses.
Axl e Slash parecem passar as 3 horas e 20 minutos de show num desafio divertido para definir quem é mais gênio que o outro, um com sua guitarra, outro com sua garganta. E, no final, a conclusão é que ambos são.
Nada que eu falar vai conseguir explicar. Minha escrita nunca atingirá a genialidade da arte deles. Assista.
O show não acabava, eu estava cansado, mais de 5 horas em pé, mas não podia decepcionar aqueles senhores que ainda cantavam e tocavam com a mesma energia de quando tocaram Welcome to the Jungle, a primeira música do show. Fiquei até o arroz secar.
A saída, muito bem organizada, sem perrengues. Estava decidido a voltar a pé pra casa, mas Cuiabá é um ovo e achei meu tio, que me deu uma carona.
No fim, em casa, feliz, orgulhoso por ver um evento deste tamanho em Cuiabá.
E ver a arte sendo valorizada. Que todos percebam e entendam a dimensão social e econômica da cultura. E que isso reverbere em outros grandes eventos, mas também em investimento nos eventos menores, na cultura local, que MT invista em grãos e em roses.
E vamos além: hoje é sábado, dia de samba, e, como sempre falava Adir Sodré, impossível não lembrar dele num momento como este, ao citar Nietzsche: “a arte existe para que a realidade não nos destrua.”
*Mario Medeiros Neto é advogado.
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