O palhaço sem graça

Em 2011, no Guarujá, uma mulher foi linchada até a morte por populares em decorrência de uma onda de fake news, mentiras, espalhadas a seu respeito. Os boatos davam conta de que ela seria uma sequestradora de crianças. Parte da população, inflamada pelas mentiras, a atacou até a morte.

Vamos partir deste caso para criar uma hipótese e tentar chegar a uma conclusão.

Um delegado suspeita que uma jovem esteja cometendo crimes.

Ele passa a investigá-la. Mas mesmo antes de concluir as investigações, ele já forma sua convicção e passa a ter certeza de que ela cometeu aqueles crimes.

Então ele passa a divulgar que ela é culpada. Espalha pros seus amigos, conhecidos, expõe nas redes sociais, convence o escrivão e os agentes.

E à medida que a investigação anda, mesmo sem que se comprove qualquer ilegalidade por parte da jovem, o delegado segue atacando a sua reputação.

A jovem já cometeu seus erros, é uma jovem, oras. Está aprendendo.
Mas do que o delegado à acusa, nenhuma prova.

A campanha do delegado reverbera, encontra entusiastas, uns por ingenuidade, outros por interesse, e a jovem está acuada.

E no dia do seu aniversário, a maior festa da jovem, armam um ataque contra ela.
Ela resiste. É muito querida pela maioria, que se organiza e ameniza os golpes.

A jovem senhora resiste. Ainda será atacada. Mas é muito cara e muito querida. Ela resiste.

O delegado? A farsa é revelada, ele é julgado e condenado.

A jovem se chama Democracia.

O delegado, um palhaço sem graça.

*Mario Medeiros Neto é advogado.

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