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Sônia Zaramella

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Relatos e fatos, pessoais ou não, do passado e do presente de Cuiabá e de Mato Grosso.

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Brasileirão Rei fecha com revés do Botafogo e sucesso do Cuiabá

 

Acabou ontem o Campeonato Brasileiro de 2023 que homenageou o Rei Pelé, o maior jogador de futebol de todos os tempos. O Palmeiras foi o campeão. Mas poderia ter sido o Botafogo de Garrincha, com quem, jogando junto, Pelé nunca perdeu uma partida. Sempre pela Seleção Brasileira, foram 40 jogos e 36 vitórias. Se o Botafogo não tivesse ido do êxito ao revés nesse Brasileirão Rei, o resultado do campeonato poderia ser mais uma história extraordinária de Pelé e Garrincha, a ser contada para as próximas gerações.

Mas não foi isso que aconteceu. No Brasileirão do Rei, o Botafogo ficou em quinto lugar, perdendo os 13 pontos de frente das 30 primeiras rodadas. Vai disputar a Libertadores de 2024. Isso é bom, mas “tire seu sorriso do caminho que eu quero passar com a minha dor”, canta Nelson Cavaquinho, em A Flor e o Espinho. Sou botafoguense desde criancinha, meus pais eram, meus irmãos são. Mas, neste ano, vimos o Botafogo perder o campeonato mais ganho de sua história. A alegria explosiva que nos contagiou no início foi substituída pela angústia e desencanto ao final do certame.

Como consolo, fui atrás dos amigos e amigas botafoguenses e pedi um comentário que traduzisse o sentimento que o time deixou em cada um deles. Ainda atordoados com a performance surreal do Botafogo no Brasileirão, pediram tempo. Mas, aos poucos, chegaram as respostas. Seguem:

Sônia, a verdade é que cada um dos botafoguenses acreditava na conquista do campeonato. Quantas boas jornadas e tão bom futebol em estádios cheios. Fiquei estático quando o time empacou, o coração embalou com empates e viradas contrárias em tão delicados momentos. Horríveis também as prorrogações de jogo ao sabor de árbitros. Que possamos manter acesa a esperança em 2024”. – Montezuma Cruz, paulista, jornalista.

“A trajetória do Botafogo neste Campeonato Brasileiro foi desenhada por um mestre exímio em testar nossa paixão pelo clube. Depois de um primeiro turno avassalador, digno do Glorioso, eis que surge um Botafogo alquebrado e azarado, que tomou gols e perdeu pontos valiosos nos segundos finais de várias partidas. Foi frustrante, mas prefiro focar na metade cheia do copo: o Botafogo vai ressurgir das cinzas!” – Martha Baptista, corumbaense, jornalista.

“O comportamento geral do botafoguense é cético e desconfiado, principalmente para quem possui mais de 40 anos. De forma geral, sem querer ser frio demais tampouco dramatizar, o Botafogo é um “estado de espírito”, porque é um gostoso sentimento contínuo que só entende quem é botafoguense”. – Ronaldo Pacheco, cuiabano, jornalista.

“Faltou gerenciamento da exaustão física, mental e emocional, humildade e maturidade. O que me quebrou nesse fim não foi a queda de rendimento, eu entenderia se visse honradez no jogo, mas a falta dela sim, isso acabou comigo. Você não menospreza o adversário, não entra em campo contando jogo ganho e não fica chorando, responsabilizando arbitragem por semanas se perde, isso é indigno do Glorioso. Não sei onde foi que li que o futebol cobra. Agora é aprender com o que aconteceu e garantir que não aconteça mais”. – Olívia Bini, cuiabana, arqueóloga.

Ainda dá. Ele falou sem olhar para o interlocutor. Talvez para si mesmo, talvez para os santos do futebol. Era o terceiro jogo depois de uma sequência de derrotas inesperadas. Ainda dá. Ele repetiu o mantra até o Botafogo fazer um gol, de pênalti, nos acréscimos. Em vez de vibrar, de gritar, de pular da cadeira, ele repetiu: ainda dá. Ontem, depois do jogo contra o Cruzeiro, ele foi visto, cabisbaixo, se esgueirando para o quarto. Olhou para a esposa e murmurou inaudível: não deu”. – Toninho Lima, carioca, publicitário.

Como se lê nos depoimentos, o Botafogo é paixão antiga no futebol nacional e no meu coração, e no dos meus amigos e amigas, vai continuar batendo uma estrela. Já no foco de torcedora mato-grossense, uma paixão nova, que se chama Cuiabá Esporte Clube, vem me conquistando ano a ano. Na terceira participação no Brasileirão, o Dourado fez, em 2023, sua melhor campanha na elite do futebol e é um sucesso nos campos do país. Ficou em 12º lugar, na frente do Corinthians e Cruzeiro. Em 2024, se prepara para disputar o Mato-grossense, a Copa do Brasil, a Copa Verde, a Sul-Americana, além do Brasileirão.

Como acompanhei pela tevê a maioria dos jogos do Cuiabá, quero registrar duas situações tristes em relação ao Dourado percebidas no decorrer do campeonato. A primeira, dentro de campo, foram as arbitragens, incluindo o VAR, muito prejudiciais ao time cuiabano. A segunda, fora de campo, as transmissões pagas do Premiere, com narradores, principalmente comentaristas, focando só o adversário do Cuiabá. Nas partidas jogadas, o Dourado era invisível, nada analisavam do time, só gritavam gol porque era impossível passar despercebido. Comentaristas e narradores precisam se informar melhor para falar sobre o Cuiabá em 2024.

De maneira oposta a isso estão Xô Dito e Nenê, personagens de esquetes em vídeo nas redes sociais, que usam o linguajar cuiabano para narrar e comentar, com humor, jogos do Cuiabá. Assinadas e interpretadas por Thyago Mourão, um artista cuiabano de qualidade, as narrações dos jogos do Dourado nos divertem muito, nos fazem rir bastante até nos momentos infelizes das partidas. Parabéns, Thyago, você é 10 na sua arte e no sotaque cuiabano! Volte em 2024, ok? Mas, cá entre nós, entre Xô Dito e Nenê, fico com Nenê.

Ao Botafogo e ao Cuiabá, Feliz Ano Novo!

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