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Sônia Zaramella

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Relatos e fatos, pessoais ou não, do passado e do presente de Cuiabá e de Mato Grosso.

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Candidaturas a vice-prefeitos viram a ‘cereja do bolo’

A partir deste sábado até 5 de agosto, os partidos políticos e federações vão realizar convenções para deliberar sobre coligações e escolher candidatas e candidatos aos cargos de prefeito, vice-prefeito e vereador para o pleito de outubro. Ao que tudo indica, em Cuiabá, onde as eleições municipais já estão nas redes e nas ruas há pelo menos dois anos, a ‘cereja do bolo’ dessas convenções partidárias – o detalhe que falta para a formação das chapas que disputarão o pleito na capital – é a escolha do candidato ou candidata a vice.

Não que a definição dos pré-postulantes a prefeito tenha sido efetivamente tranquila. Basta recordar a disputa interna no União Brasil entre o governador Mauro Mendes, que tentou emplacar o deputado Fábio Garcia como pré-candidato, e o deputado Eduardo Botelho, que saiu vitorioso desse embate e ganhou o apoio do partido para concorrer ao cargo. Em menor grau, houve também disputa na escolha do cabeça de chapa da Federação Brasil Esperança (PT, PCdoB, PV) entre Lúdio Cabral (PT) e José Roberto Stopa (PV), atual vice-prefeito de Cuiabá.

Mas, agora, com os chamados arcos das alianças anunciados, virou competição entre as siglas emplacar o nome para concorrer a vice. Eduardo Botelho (União), que lidera as pesquisas eleitorais, é apoiado por 11 partidos e alguns deles querem a vice-prefeitura. Por exemplo: o PSB defende o empresário Elson Ramos para o cargo; o PRD anunciou o ex-secretário adjunto de Turismo de MT, Felipe Wellaton; o PP aposta na professora Rose Araújo; o Republicanos oferece o nome do médico Marcelo Sandrin e o Podemos indicou o vereador Kássio Coelho para a vaga.

De seu lado, o pré-candidato da Federação, Lúdio Cabral (PT), quer aumentar seu leque de aliados, para, até agosto, oficializar o nome do vice da chapa. Lúdio já tem o apoio da Rede, do PSD e do Psol, além do PC do B e PV, que formam a federação junto com o PT. O nome da médica Natasha Slhessarenko, filiada ao PSD, é um dos cotados para vice. Porém, por enquanto, nada foi fechado.

Também no quadro das pré-candidaturas à prefeitura de Cuiabá está a chapa do PL, com o deputado federal Abilio Brunini encabeçando a composição. Ao que parece, o parlamentar, que busca uma pessoa com perfil ‘mulher-evangélica’ como companheira de chapa, caminha para o nome da médica pediatra Lúcia Helena Barbosa, que é filiada ao PL. Já a chapa do MDB, que tem Domingos Kennedy como pré-candidato a prefeito, até ontem não havia anunciado nomes para vice. A pré-candidatura do emedebista é apoiada pelo PDT.

No partido Novo, o caso do candidato a vice foi emblemático: acertado desde março com o Podemos, que ofereceu o ex-deputado estadual Ulysses Moraes para a composição de vice-prefeito na chapa encabeçada pelo empresário Reginaldo Teixeira, pré-candidato a prefeito de Cuiabá da sigla, o compromisso acabou não vingando. Semanas atrás, o Podemos ‘deu bolo’ no Novo e debandou para o lado de Eduardo Botelho, do União. Agora, a coronel da PM Vânia Rosa, que coordena a Patrulha Maria da Penha em Cuiabá, é quem será a candidata a vice-prefeita do Novo.

Por lei, há duas funções estabelecidas ao vice: substituir o prefeito no caso de vacância e auxiliá-lo sempre que for por ele convocado para missões especiais. Porém, no histórico da administração de Cuiabá, considerando os gestores eleitos de 1986 para cá, nota-se que quatro vice-prefeitos comandaram a capital por motivos distintos e por tempo razoável. Foram eles: Estevão Torquato da Silva (gestão Dante de Oliveira), Coronel José Meirelles (segunda gestão Dante de Oliveira), Francisco Galindo (gestão Wilson Santos) e José Roberto Stopa (gestão Emanuel Pinheiro).

Ainda nesse período ocorreu um episódio inusitado associado à vice-prefeitura da capital. Na gestão Mauro Mendes, seu vice eleito, João Malheiros, tomou posse no cargo e no dia seguinte renunciou. Preferiu permanecer como deputado estadual. Portanto, por essa e outras razões, é bom para o cuiabano – que, naturalmente, presta mais atenção aos candidatos a prefeito e dedica menos cuidado aos nomes dos vices – ficar de olho na formação das chapas até o dia 5 de agosto próximo.

Negociações partidárias à parte, na minha visão, os políticos devem entender que, para gerir o executivo municipal, interessa menos ao eleitor saber se o vice é homem ou mulher; se é médico, engenheiro ou empresário; se é evangélico ou devoto de São Benedito. De forma prática e simples, ele quer mesmo é identificar se o escolhido para ser vice é uma pessoa qualificada para apoiar o prefeito no enfrentamento dos problemas de Cuiabá e se está preparada para comandar a prefeitura, no caso de eventual impedimento do titular. Só isso, nada mais.

Pessoas desconhecidas, pessoas que não sabem nem convivem com os desafios da saúde, do transporte público, da área social, da infraestrutura, da violência nos bairros e do trânsito caótico da capital, essas devem ser desconsideradas. As lideranças políticas precisam ter consciência, deixar a ambição pelo poder de lado, e trabalhar no sentido de indicar um cidadão de fato preparado para a vaga de vice-prefeito nas chapas partidárias. Além disso ser um critério óbvio, ninguém sabe o que o futuro nos reserva, ninguém tem bola de cristal para saber se o vice eleito ocupará o cargo do titular no decorrer do mandato.

Se olharmos para o Brasil, não devemos esquecer que os ex-presidentes José Sarney, Itamar Franco e Michel Temer foram eleitos para o cargo de vice.

Pelas eleições que já votei, finco meu pé no chão, usufruo do tempo presente e sigo atenta aos nomes dos candidatos a prefeito e a vice-prefeito de minha terra natal.

A torcida é para que a ‘cereja no topo do bolo’ corresponda às expectativas.

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