Como a guerra no Oriente Médio pode afetar nossa economia
Guerras são sempre uma péssima escolha para qualquer país ou região do planeta. Não só nas zonas de conflito, como muito longe dali, quem paga a conta é a população mais vulnerável, inocentes que não têm poder de decisão sobre a guerra.
Aqui vamos falar de economia. Como as guerras em geral e o conflito do Oriente Médio, em particular, têm potencial para fazer um enorme estrago na economia mundial, com reflexos na nossa economia.
Por aqui, a equipe econômica do atual governo tem buscado equilibrar a necessidade de manter as contas públicas arrumadas – reduzindo o déficit fiscal e a dívida pública – com os compromissos de campanha do presidente eleito. Lula prometeu reduzir a pobreza e a desigualdade, aumentar os investimentos e fazer o país voltar a crescer.
Pois agora, nós, os brasileiros, e o governo, dependemos dos rumos da guerra no Oriente Médio para que esses planos se concretizem.
Seria exagero essa afirmação?
Vejamos como a guerra pode afetar nossa economia.
O Oriente Médio concentra mais de 60% da produção de petróleo no mundo, com Arábia Saudita, Iraque e Irã entre os principais produtores.
O Irã apoia o grupo extremista Hamas e propôs um “embargo total e completo” dos países árabes a Israel, com sanções ao petróleo, como forma de retaliação aos ataques à Faixa de Gaza.
Nesta quinta-feira, em discurso na ONU, o chanceler iraniano fez ameaças aos Estados Unidos, acusando o país de “financiar e armar o genocídio em Gaza”. Lembremos que os EUA são o principal aliado de Israel e, há poucos dias, vetaram uma resolução do Brasil na ONU propondo um cessar-fogo.
Por muitos motivos, a escalada da guerra, envolvendo outros países, é fonte de preocupação em todo o mundo desde o começo do conflito.
A alta nos preços do barril de petróleo no mercado internacional já reflete esse receio.
Se a guerra escalar, não se sabe onde esses preços vão parar.
O Brasil é autossuficiente em petróleo bruto, mas ainda importa uma grande quantidade de gasolina e diesel, porque não tem refinarias capazes de processar todo o óleo produzido aqui.
Portanto, será afetado com a alta dos preços do petróleo e terá que repassar pelo menos uma parte desse aumento para os preços dos combustíveis. Se a gasolina sobe, é mais inflação na certa, porque o aumento se alastra para outros produtos.
Se a inflação aumentar, o Banco Central pode interromper a trajetória de queda dos juros que começou em agosto. E se os juros não baixam, fica difícil ampliar os investimentos e estimular o consumo para o país crescer. As coisas todas estão interligadas.
O melhor cenário para o governo equilibrar as contas e, ao mesmo tempo, adotar medidas que estimulem o crescimento da economia e reduzam a pobreza e a desigualdade é um cenário de inflação e juros em queda. A guerra nos leva para uma direção oposta.
Como disse no começo desta coluna, a guerra é uma péssima escolha. Suas consequências são imprevisíveis. Mesmo para quem está longe, bem longe, como nós aqui no Brasil.
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