Um arraial julino com gosto de vitória
Por Martha Baptista
Poderia ser mais uma festa julina, com comidas tradicionais, quadrilha e aquela alegria típica dos festejos de junho que vão se estendendo pelo mês de julho em Cuiabá e outras cidades brasileiras. Mas aquela celebração teve um gosto especial.
Fundadores, apoiadores e amigos do Instituto Social Jejé de Oyá (ISJO) reuniram-se para celebrar o primeiro arraial na sede conquistada em agosto do ano passado. Num imóvel que já abrigou uma cooperativa e uma creche no bairro Cidade Verde, em Cuiabá, hoje moram sete pessoas da comunidade LGBTQIAPN+ que estavam em situação de vulnerabilidade social.
Elas pareciam felizes em receber os convidados para o arraial, cujo preparo dos quitutes foi liderado com carinho por dois dos fundadores do ISJO, o professor e empreendedor social Sávio de Brito Costa e o oficial de justiça Vanderley Faria.
Juntos com outros quatro amigos (o professor Alexandre Cesário e o radiologista Wylk Belém), todos membros da comunidade LGBTQIAPN+, eles realizaram o sonho de fundar o ISJO em meados de 2023, com a proposta de “transformar a própria história de luta em um futuro de oportunidades para todos, inspirados pela garra e pelo legado de um ícone da cultura cuiabana: Jejé de Oyá”, como explica o presidente Sávio de Brito Costa. A decisão do grupo, segundo ele, foi motivada pela indignação com a falta de direitos da população LGBTQIAPN+ em áreas como saúde, educação e trabalho.
A criação do ISJO, em junho daquele ano, foi um passo importante para firmar o compromisso com a comunidade e iniciar o sonhado processo de transformação social. As conquistas não tardaram a chegar graças ao empenho dos idealizadores e de voluntários que abraçaram a causa. A maior de todas foi a assinatura em 24 de agosto do ano passado de um contrato de concessão gratuita de uso do imóvel, que se tornou a sede do ISJO no bairro Cidade Verde, firmado com a Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão de Mato Grosso (Seplag).
“Quando chegamos aqui havia muito mato e sujeira, mas, aos poucos, estamos transformando este espaço num local acolhedor”, comenta Sávio. O arraial foi uma oportunidade para mostrar a amigos e simpatizantes o resultado de todo o trabalho e o sorriso suplantava o cansaço da preparação da festa. Durante o evento, Sávio fez uma breve apresentação sobre o ISJO, cujos projetos e realizações podem ser conhecidas por meio do site (veja aqui)
O ponto alto da noite foi a quadrilha em que convidados e acolhidos se divertiram numa coreografia improvisada. Hoje o ISJO conta com sete beneficiados acolhidos, mas a intenção é melhorar a estrutura para acolher até 30 pessoas. São mulheres trans e outras pessoas que não tinham mais condições de viver com suas famílias por conta de sua orientação sexual; alguns sequer têm documentos que correspondam à sua nova identidade social. Mas ainda bem que o ISJO está ali para lhes dar apoio, buscar seus direitos, promover o empoderamento e a inclusão social da população LGBTQIAPN+.
A propósito, no próximo domingo (27/07), às 16h, haverá uma ótima oportunidade para conhecer a sede do ISJO e seus projetos, e compartilhar histórias de vida. Será realizado o primeiro Chá com Bolo Jefé de Oya 50+, que faz parte do projeto Narrativas de Inclusão, Minha Jornada, Nossas Vozes. O presidente Sávio diz que pessoas de 40+ também estão convidadas desde que levem pelo menos um convidado com idade acima de 50 anos. Para participar, basta preencher a ficha de inscrição.
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