Cutucadas e respostas expõem conflito na cúpula do TRE-MT

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Adriana Mendes

As farpas entre a presidente do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT), Serly Marcondes, e o vice-presidente, Marcos Henrique Machado, voltaram a aparecer em público, apesar do acordo firmado após a disputa pela eleição da Corte. O clima, antes restrito aos bastidores, passou a ser exposto em sessões públicas.

A tensão ficou evidente durante a posse nesta segunda-feira (17) do juiz Jean Garcia de Freitas Bezerra, que assumiu a vaga de juiz-membro com o fim do biênio de Edson Dias Reis.

No discurso, Marcos Machado afirmou que o novo magistrado ingressava em um colegiado e citou um trecho bíblico para reforçar a ideia de cooperação. Ele mencionou Eclesiástico 4, 9-10, passagem que fala sobre justiça e apoio mútuo: “É melhor ter companhia do que estar sozinho, porque maior é a recompensa de duas pessoas. Se um cair, o outro pode ajudá-lo a levantar-se.”

O vice-presidente deu uma cutucada ao aconselhar o novo juiz a “não se isolar”. Em seguida, retomou que unanimidade é rara “nem Jesus conseguiu”, e reforçou a importância do diálogo e da construção de maiorias.

A presidente Serly Marcondes respondeu de forma indireta. Logo ao iniciar sua fala, lembrou o discurso de despedida de Edson Reis e recuperou uma frase dita quando tomou posse: “eu disse que o desembargador Marcos Machado tinha coração valente e eu tinha coração forte, e reafirmo isso.”

Em tom firme, completou: “às vezes também é bom andar sozinho. É importante estar bem acompanhado, mas, quando não há companhia, é bom andar apenas com a própria consciência.”

Serly ainda ressaltou que o TRE “não é um lugar de pessoas isoladas ou coletivas, mas um tribunal”.

Mesmo para quem não acompanha a rotina da Corte, as falas deixaram clara a discrepância entre os dois dirigentes e evidenciaram o mal-estar interno.