COLUNA

Francisca Medeiros

francisca@ehfonte.com.br

Informações que unem o campo e a cidade.

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Isso ou aquilo? Pode ser os dois?

Produção agropecuária e preservação ambiental. Eis um tema que agita rodas de conversa, redes sociais, debates acadêmicos, mobiliza gestores públicos, privados e terceiro setor, o mundo da política e da economia.

Quase todos cravam de cara uma opinião e muitos se posicionam de forma a contrapor um ao outro. “O agro carrega o país nas costas”. “Se você comeu hoje, agradeça a um produtor rural”. “A pata do boi devasta a Amazônia”. “A soja brasileira alimenta o gado da Europa”.

É compreensível que temas como uso dos recursos naturais, aquecimento global, alimentação, geração e distribuição das riquezas causem preocupações e gerem expectativas de mudanças.

E em Mato Grosso, com tal vocação agropecuária, e sob efeito das atuais ondas de calor de intensidade nunca vistas, ganha força a reflexão sobre o papel da atividade rural, como está o uso da terra e da água, o quanto já se retirou da cobertura vegetal nativa.

Fui em busca de alguns números, todos de fontes oficiais, para ter algum parâmetro.

Os dados mais recentes da Embrapa Territorial mostram que 66,3% do território nacional estão preservados. Aqui entram áreas protegidas e preservadas de todas as ordens – públicas, privadas, unidades de conservação, terras indígenas e devolutas (sem atribuição).

Uma informação interessante é que, em média, o agricultor brasileiro usa 50% do seu imóvel, a outra metade é preservada. E que, juntando as informações do CAR (Cadastro Ambiental Rural) e do Censo do IBGE de 2017, chega-se a 33,2% das áreas preservadas dentro do mundo rural. Em Mato Grosso, 64% da vegetação nativa estão preservadas.

E isso não tira do Brasil o papel de ser um dos líderes mundiais na produção agropecuária. Além de atender aos brasileiros, os produtos brasileiros têm forte presença no mundo. Com soja, carnes, milho, algodão, celulose, feijão, café, suco de laranja, manga, melão, limão/lima, melancia, banana.

A produção agropecuária e a preservação ambiental coexistem e são interdependentes. Por trás, há muita pesquisa, impulsionada ao longo de 50 anos da Embrapa e de muitas parcerias de agentes públicos e privados.

Então, está tudo bem? Longe disso, infelizmente.

A produção agropecuária e a preservação ambiental caminham juntas em um bom grau e em alguns setores isso é mais tranquilo. Mas não é ainda um modelo geral e consolidado.

Neste sentido o Plano Safra 23/24 traz um norte com o Plano ABC+, que valoriza os sistemas integrados de lavoura-pecuária-floresta, plantio direto, a fixação biológica de nitrogênio, por exemplo.

Mas o governo precisa investir mais ainda em ciência e tecnologia, na extensão rural e na redução da insegurança alimentar. Os ganhos em produtividade diminuem a pressão da busca por novas áreas.

E é necessária a presença efetiva do Estado, no papel de controle, fiscalização e punição, para conseguir a redução do desmatamento, da extração ilegal de madeira e dos garimpos.

Economia de baixo carbono pode se tornar assunto da sociedade em geral. Governos e iniciativa privada devem mostrar mais como usar os recursos de forma racional, com menos impacto ambiental e reduzindo a emissão de gases de efeito estufa. ´

E o consumo pessoal consciente tem parte importante nisso tudo. Um esforço para colocar em prática a máxima do agir local e pensar global.

Vamos nessa?

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