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Sônia Zaramella

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Relatos e fatos, pessoais ou não, do passado e do presente de Cuiabá e de Mato Grosso.

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No carnaval, vacina da Covid-19 retoma seu protagonismo

A programação do carnaval ganha força a partir de hoje, avançando até a quarta-feira de cinzas, na semana que vem. Junto com os festejos carnavalescos – que reúnem multidões de norte a sul do país e podem favorecer a propagação da Covid-19 – chegam os alertas para a vacinação contra a doença. Em Mato Grosso, dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES) apontam uma baixa cobertura da vacina bivalente (8,16%), indicando a necessidade da população se imunizar e prevenir as formas graves da doença.

Assim, não é o momento de relativizar a vacinação contra a Covid-19, principalmente se considerados seus efeitos comprovados para controle da pandemia do coronavírus no mundo. Mas sim de fortalecê-la, uma vez que o imunizante é ainda a única medida para evitar a forma perigosa da doença. Também segundo a SES, para alguns grupos de riscos e faixa etária, já está comprovado que o imunizante precisa ser reaplicado a cada seis meses, então é preciso ficar atento ao calendário de vacinação.

Mesmo com tal vigilância, por incrível que se possa imaginar, vira e mexe recebo nas redes sociais posts em formatos de imagem, vídeo, texto, áudio ou todos eles juntos contra a imunização de crianças, adolescentes, adultos e idosos. Todos circulam nos grupos de zap de perfis da extrema direita e de bolsonaristas. Há umas duas semanas recebi uma publicação nesse tom que recomendava, antes da leitura do texto, “imprimir em papel e levar no bolso”, cujo título era “Coação Vacinação Obrigatória, o que fazer?”.

O item número 1, de um total de nove recomendações do texto, era “Chamar a polícia”. Na sequência vinha uma série de besteiras. Leio tais postagens por dever de ofício, não por interesse nem por apoiamento, esclareço desde já. Daí reflito sobre os motivos que levam pessoas desses grupos na internet, alguns com formação intelectual, a replicarem informações generalizadas dessa natureza, sem filtro algum. Fico sem entender nada e o destino dessa baboseira, para mim, é a lixeira.

No entanto, com o aumento de casos da Covid-19 neste início de 2024, penso que, além de gerar preocupação, deve-se combater com rigor informações contrárias à vacinação que circulam na internet. Na avaliação do titular da Procuradoria de Justiça Especializada na Defesa da Cidadania, Consumidor, Direitos Humanos, Minorias, Segurança Alimentar e Estado Laico de Mato Grosso, José Antônio Borges Pereira, “a narrativa dos obscurantistas nas redes sociais está diminuindo”, atribuindo isso “ao sucesso das vacinas na imunização da Covid”.

Ele mencionou, porém, que causou estranheza, no final do ano passado, notícias nas mesmas redes sociais segundo as quais o próprio Conselho Federal de Medicina estaria fazendo uma “consulta “aos médicos e médicas sobre a eficácia das vacinas. “Isso é lamentável, pois o médico aplica a ciência e, em vista disso, deve considerar as pesquisas feitas por cientistas, médicos, biólogos, entre outros profissionais que trabalham em laboratórios nas universidades de ponta do mundo”, ponderou.

Demonstrando estar atento às campanhas contra imunizantes, o procurador recordou que a resistência tem vários fatores, sendo um deles “a discussão politiqueira que a vacina era perigosa e que o efeito manada de contaminação resolveria a situação pandêmica”. Mas ele aposta na minimização dessa “paranoia” que “contagiou a política pública da prevenção vacinal no Brasil, que, conforme disse, “é modelo para o mundo com a capilaridade do SUS, que possui cerca de 40 mil Unidades Básicas de Saúde espalhadas no país”.

No MP Estadual, Borges Pereira coordena o projeto Vacinômetro, cujo objetivo é elevar os índices de vacinação entre crianças, adolescentes e idosos nos 42 municípios com as menores taxas de cobertura em Mato Grosso (30%). Lançado em junho de 2023, o projeto atualmente vem apresentando um quadro de melhoria “porque já houve mudança no ranking, com alguns municípios saindo dos piores índices e entrando outros que estavam medianos nos índices de vacinação da população alvo”, disse.

O procurador reiterou que a tática do Vacinômetro “é mostrar os piores municípios na posição da política pública de vacinação, diferente do governo estadual que premia os melhores e transforma, por causa disso, esse incentivo numa acomodação”. Nessa linha, o monitoramento subsidia os promotores e promotoras de Justiça de Mato Grosso a atuarem junto ao poder local para elevar os índices de vacinação dos públicos-alvo. Borges Pereira destacou também a importância de sensibilizar a população sobre a eficácia das vacinas.

Em qualquer tempo e ocasião, nota-se que a vacinação contribui para a melhoria da saúde e para o cumprimento dos direitos fundamentais da população. Portanto, é hora de combinar o enredo do carnaval com a prevenção da Covid-19, diminuindo os riscos da doença no período momesco. Saiba mais sobre o assunto no Calendário Nacional de Vacinação do Ministério da Saúde e no Informe Epidemiológico da Covid-19 da SES-MT.

No mais, boa folia, com alegria, prevenção e cuidado!

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