O que a sociedade espera do governo?
Inicio esta coluna ainda impactada com os acontecimentos da semana passada, em Brasília, quando um homem tirou a própria vida após explodir bombas na Praça dos Três Poderes, em frente ao Supremo Tribunal Federal.
Também fiquei chocada com a notícia desta terça-feira de que militares e um policial federal planejaram um golpe de Estado para impedir a posse da chapa eleita em 2022, formada por Lula e Alckmin, e pretendiam assassinar o presidente da República, o vice-presidente e o ministro Alexandre de Moraes, do STF, que presidia, na época, o Tribunal Superior Eleitoral – TSE.
A notícia é estarrecedora, como bem definiu o presidente da Suprema Corte, Luís Roberto Barroso, mas aqui vou tratar do homem que se explodiu a poucos passos da sede do STF.
No dia seguinte ao atentado, parentes de Francisco Wanderley Luiz e a Polícia Federal informaram que o alvo era o ministro Alexandre de Moraes. Francisco teria planejado minuciosamente a ação terrorista durante meses por estar inconformado com o resultado das eleições de 2022, com os rumos do país e do Judiciário.
Eu me pergunto o que levou esse cidadão pacato, que exercia a profissão de chaveiro em uma pequena cidade do interior de Santa Catarina, a praticar um ato tão radical e insano como tirar a própria vida, colocando em risco tantas outras ao seu redor.
Gostaria que o desfecho trágico desse episódio servisse como reflexão para a parcela da população que continua a alimentar o discurso de ódio contra o governo e as instituições. Mas enxergo essa possibilidade com bastante ceticismo.
Vejo as notícias recentes sobre a queda histórica nas taxas de desemprego e o aumento da renda. No trimestre de julho a setembro de 2024, a taxa de desocupação recuou para 6,4%, a segunda menor taxa de desocupação da série histórica da PNAD Contínua, segundo o IBGE. O número de trabalhadores do país registrou novo recorde ao subir para 103 milhões. Houve um aumento de 3,2% na população ocupada, percentual equivalente a mais 3,2 milhões de pessoas trabalhando.
Leio na grande mídia que a previsão dos analistas é que a taxa de desemprego deve cair ainda mais até chegar em 6% em dezembro, quando acontecem as tradicionais contratações de fim de ano.
O IBGE informa que, no trimestre terminado em agosto, o rendimento médio real das pessoas ocupadas ficou em R$ 3.227, alta de 3,7% na comparação com o mesmo período de 2023. A massa de rendimentos – soma das remunerações de todos os trabalhadores – atingiu R$ 327,7 bilhões, o que equivale a um crescimento de 7,2% na comparação anual.
São muitos os indicadores de que o país está caminhando para atender as necessidades mais básicas das pessoas, em especial dos mais vulneráveis. Em novembro, o Bolsa Família deve contemplar 20,7 milhões de famílias, alcançando 54,3 milhões de pessoas.
A previsão de inflação para o ano é de 4,4%, ainda dentro do teto da meta, de 4,5%.
Mesmo com tantas dificuldades e escassez de recursos para investimentos, o país deve crescer 3,3% em 2024, segundo a última estimativa, divulgada nesta segunda-feira pelo Ministério da Fazenda.
O crescimento, como sabemos, é o motor da economia. Crescer significa gerar mais empregos, mais renda e consumo. É um jogo de ganha-ganha, embora os pessimistas de plantão digam o contrário.
O que explica então a insatisfação de uma parcela considerável da sociedade com os rumos do governo? O que querem essas pessoas? Não é mais a economia que importa?
As respostas para essas perguntas não são simples. Envolvem questões que vão além dos fatores tradicionais que definem o chamado bem-estar social. Exigirão estudos aprofundados sobre o momento atual e as escolhas da sociedade.
De qualquer jeito, é importante enfatizar que a realidade paralela em que vivia o homem-bomba da praça dos Três Poderes não leva a lugar algum. Como ele mesmo mostrou com seu ato insano.
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