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Adriana Mendes

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Para assistir show, Mauro Mendes e Virginia furam fila na estrada de Chapada

Quando uma autoridade bloqueia o trânsito para passar na frente, isso geralmente envolve questões de segurança, já que autoridades podem ser alvo de ameaças ou ataques. Outra justificativa comum é a eficiência no desempenho das funções oficiais. Governadores frequentemente têm agendas muito lotadas e o deslocamento rápido pode ser crucial para cumprir compromissos. Contudo, no caso ocorrido na noite da última sexta-feira (27), dia do show de Maiara e Maraisa com 50 mil pessoas no Festival de Inverno de Chapada dos Guimarães, essas justificativas não se aplicam.

Devido ao grande fluxo de veículos indo para o evento, somado ao sistema de “para e siga” na estrada de Chapada dos Guimarães (MT-251) – que enfrenta o problema de desmoronamentos de terra no trecho do Portão do Inferno desde o início do ano – o congestionamento era inevitável.

Estranhamente, o “para e siga” na noite de sexta parou de vez por quase uma hora. Quem estava na estrada, como eu, provavelmente desconfiou que havia algo errado. Mais estranho ainda foi ver um comboio oficial passando em alta velocidade, pouco depois das 22h,  cortando todos os veículos parados. Quem seriam os privilegiados? Qual a urgência deles?

Uma semana antes, a Secretaria de Infraestrutura e Logística (Sinfra-MT) havia descartado uma recomendação do Ministério Público (MPMT) para retomar o tráfego normal durante o período do festival, alegando impossibilidade técnica de garantir uma gestão de risco adequada naquele trecho da rodovia. Essa decisão parecia final até que a insatisfação da primeira-dama de Mato Grosso com o trânsito motivou uma ação imediata.

Pouco depois da passagem do comboio, o tráfego voltou à normalidade nos dois sentidos da rodovia. Foi um alívio para os motoristas, mas evidenciou uma clara contradição entre as alegações anteriores do próprio governo e a realidade dos fatos.

No dia seguinte, a liberação do tráfego foi oficializada pelo governador Mauro Mendes, que justificou a medida pela realização do “maior evento do estado”, com grande fluxo de veículos. Isso sugere que a sensibilização só ocorreu quando a autoridade sentiu na pele o problema vivenciado por tantos outros motoristas. Na segunda-feira (29), o governador disse que conversou com representantes do MPMT, da Sinfra , fez uma análise de “alguns aspectos técnicos”  e decidiu liberar o tráfego até o início da obras no Portão do Inferno.

Na estrada, conforme a coluna apurou, no mesmo horário também estavam as cantoras Maiara e Maraisa. Elas também enfrentaram o congestionamento, sem o privilégio de um caminho livre.

Dar passagem a uma autoridade não é ilegal. No entanto, neste caso, para assistir a um show, é, no mínimo, questionável. Não era uma solenidade, nem um evento oficial.  A “carteirada” que abriu passagem à comitiva é péssimo exemplo e claro abuso de autoridade.

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