MT tem 3º maior número de mortes de crianças indígenas
Mato Grosso está entre os três estados brasileiros com maior número de mortes de crianças indígenas de 0 a 4 anos, segundo a nova edição do Relatório Anual de Violência Contra os Povos Indígenas, publicado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi). Com 127 óbitos registrados em 2024, o estado aparece atrás apenas do Amazonas (274) e de Roraima (139). Juntos, os três concentram 58,6% das 922 mortes infantis indígenas contabilizadas no país.
O relatório revela ainda que a maioria das vítimas era do sexo masculino: 495 crianças, o que representa 53,6% do total. Em ao menos 497 casos, as mortes ocorreram por causas consideradas evitáveis, como aponta o documento: “em decorrência de enfermidades, transtornos e complicações que poderiam ter sido controladas por meio de ações de atenção à saúde, imunização, diagnóstico e tratamento adequados”.
Entre as principais causas listadas estão gripe e pneumonia (103 casos), infecções intestinais e gastroenterite (64), desnutrição (43) e doenças provocadas por protozoários, como malária, toxoplasmose e leishmaniose (17). Também se destacam os óbitos relacionados ao parto e a infecções no período perinatal.
Os dados foram sistematizados a partir de registros do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), das secretarias estaduais de saúde e da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), e também com base na Lei de Acesso à Informação (LAI) e consultas públicas às bases oficiais. O Cimi esclarece que “há diferenças na atualização e na abrangência dos dados”, já que utiliza as fontes mais atualizadas disponíveis em cada estado.
O relatório anual do Cimi é uma das principais fontes sobre a situação dos povos indígenas no Brasil e alerta para a vulnerabilidade das crianças indígenas diante da ausência de políticas públicas eficazes.
Casos em 2025
Neste ano, três mortes por causas evitáveis – de um bebê por desnutrição, uma grávida por problemas respiratórios e uma jovem por apendicite – ocorridas entre março e maio na Terra Indígena Marãiwatsédé (MT) levaram a cobranças da organização indigenista Opan (Organização Amazônia Nativa) à Funai. Em carta, a Opan alertou para o aumento de doenças respiratórias e desnutrição entre os xavantes.
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