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Imortal Saíto

Evaldo de Barros

Meu saudoso pai Gonçalo Antunes de Barros foi um chefe de família exemplar conforme voz corrente testemunha.  Dizia com toda a pompa: “o nascimento de um filho é a minha maior alegria.”  É de elementar conclusão que, ao contrário, a perda de um filho fosse a maior tristeza de sua vida!

Quando a minha irmã Maria do Carmo morreu, vitimada pela paralisia infantil, papai escreveu esta trova que foi colocada no túmulo: “Mary – Rogo a Deus que te criou tão carinhosa/e cedo te levou à sepultura/ que nos dê um dia esta ventura/ de ver-te lá no céu sempre mimosa”. Depois a família perdeu a Anice, vitimada por um incêndio ao administrar a feitura de licores no antigo Regionalíssimo.

 Papai nos deixou em 04 de junho de 1990, aos 84 anos e foi poupado de presenciar as partidas dos outros filhos: Benedita, Padre Antunes, Gilson, Paulina e Almerinda Rosa.

Pois bem. Nessa trajetória formidável de vida, com todos os filhos formados e agraciado com muitas outras generosidades divinas, não sentiu a felicidade de ter um dos seus filhos pertencendo à Academia Mato-grossense de Letras – AML.  É possível que não se candidataram ou, se convidados, declinaram do convite para fazer parte desse venerável sodalício.  Mas há o tempo de Deus!  Neste dia 24 de agosto, eis que o meu sobrinho Gonçalo Antunes de Barros Neto, o Saíto, subiu os degraus da calçada da Casa do Barão de Melgaço e, de cabeça erguida, transpôs os umbrais da nossa Academia Mato-grossense de Letras.  Habemus Acadêmico!  Particularmente fiquei emocionado com o acontecimento e fui ao computador prestar este depoimento. “Antes da hora não é hora, depois da hora não é hora, a hora é na hora”.

Salve Saíto, jovem Juiz de Direito e professor universitário, filósofo, sociólogo, ex-delegado de Polícia, conferencista laureado e membro de várias academias do saber espalhadas pelo Brasil, casado com Rosana esposa e amiga de todas as horas.  Coube a você meu caro sobrinho a missão de colocar o nome da família de seu avô Gonçalo nos anais dessa Academia que aglutina a um só tempo a história, a cultura, a tradição e a preservação da existência do nosso Estado.

Parabenizá-lo não é uma tarefa difícil.  Qualquer um que tenha isenção e imparcialidade na arte de julgar atribuirá boa nota aos seus predicados.  Difícil é endereçar-lhe uma mensagem à altura como faria seu avô se vivo fosse.  Diria o velho Gonçalo que eu bem conhecia mais ou menos assim: “Você escolheu, agora assuma os riscos da nova posição que alcançou na vida. Lembra-se de que há a liturgia do colegiado a impor-lhe limites e sua própria biografia estará registrando os seus comportamentos com muito mais rigor a partir de hoje.”

 Concluo: seja feliz, meu querido sobrinho e amigo.

*Evaldo de Barros é tio coruja

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