COLUNA

Sônia Zaramella

soniaz@ehfonte.com.br

Relatos e fatos, pessoais ou não, do passado e do presente de Cuiabá e de Mato Grosso.

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 Combate às fake news e deepfakes será reforçado nas eleições de 2024

Reprodução

A tira, ou tirinha, é um fragmento de História em Quadrinhos (HQs) que apresenta um texto aliando o verbal e o visual, criticando ou não valores sociais, às vezes com humor. Mafalda, uma menina inteligente e contestadora, é uma das mais famosas personagens de tiras no mundo. Foi criada por Quino (Joaquim Salvador Lavado Tejón), cartunista e humorista argentino. Numa tira publicada há mais de 10 anos, Mafalda aparece junto com a amiga Susanita:

– “Infeliz daquele a quem só importa o que vão dizer” – lê Mafalda, essa frase com aspas, para Susanita.

 – Claro, pois na verdade o que importa é o que disseram, quem disse, como disse, quando disse, por que disse – replica a amiga.

No Jornalismo, respostas a esses cinco atributos citados por Susanita para contrapor a frase de Mafalda compõem a informação noticiosa verdadeira, inédita, completa e atual que deve ser buscada dia a dia pelos profissionais da imprensa. Já a frase provocativa de Mafalda remete àquela pessoa que desconhece as coisas, que aceita informações pela metade, comentários rasos, por vezes mentirosos, o que a torna digna de pena.

Esse diálogo reforça o entendimento de que a informação jornalística deve prezar o interesse público com responsabilidade. O contrário disso contribui para a ignorância da realidade por parte da sociedade. Todavia, do tempo desta publicação para cá, apesar de curto, cerca de 10 anos, foi uma mudança tecnológica forte na comunicação que gerou fenômenos diversos, figurando, numa conjuntura danosa, as fakes news (notícias falsas).

O crescimento das fake news se deu por causa do acesso aos incontáveis conteúdos, via redes sociais e plataformas digitais, que são difundidos rapidamente sem filtros ou verificação. Elas são produzidas e compartilhadas para enganar ou prejudicar algo, ou alguém, e são tomadas como verdadeiras. Mais recentemente se juntou às notícias falsas um novo acontecimento, que são os deepfakes, os vídeos e áudios falsos.

Os deepfakes usam a Inteligência Artificial (IA) para trocar o rosto das pessoas nos vídeos, sincronizar movimentos labiais, expressões e demais detalhes. Ambos prejudicam o acesso às informações verdadeiras, contribuem para a desinformação e geram consequências à sociedade. Um desses efeitos se manifesta ativamente no contexto dos processos políticos. Por isso cresce no país a preocupação com o uso dessas tecnologias nas campanhas eleitorais de 2024, ano em que o Brasil elegerá mais de 5.500 prefeitos e vice-prefeitos e cerca de 58 mil vereadores.

Já de olho no pleito municipal, uma das providências para combater a desinformação é o acordo de cooperação técnica assinado neste mês de dezembro entre o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel. O objetivo é acelerar o processo de remoção de sites identificados como propagadores de fake news. Segundo o ministro Alexandre de Moraes, o TSE dará também atenção especial ao uso de IA por parte de “milícias digitais”, que, segundo ele, “disseminam informações falsas para interferir nas eleições”. 

A situação, de fato, é complicada porque passa o tempo e muitas pessoas não se conscientizam dessa deformidade, que é espalhar notícias falsas pelas redes sociais. No Brasil, herdamos isso da polarização direita x esquerda fomentada pelo governo bolsonarista. Nessa batalha contra a desinformação, a mídia profissional, de seu lado, deve fortalecer seu papel de identificar e denunciar as notícias falsas. Outra frente desse combate é a conscientização da juventude a respeito dos prejuízos das fake news e deepfakes para a sociedade como um todo, seguindo naquela esperança de que as futuras gerações serão sempre melhores.

Em Mato Grosso, este ano, duas ações conduzidas para discutir a desinformação, propor alternativas para se prevenir desse fenômeno, além de mitigar os danos causados pelas informações falsas, envolveram jovens e instituições locais. São eles, o programa Voto Consciente, do Tribunal Regional de Mato Grosso, que aborda o processo eleitoral com estudantes, e a Oficina Educação Midiática: como se proteger da desinformação, desenvolvida pelo Midiáticus, grupo de pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFMT.

O professor de Jornalismo Thiago Cury, do Midiáticus, afirmou que “em uma sociedade democrática, que a todo momento precisa tomar decisões que afetam a coletividade, estar bem-informado é crucial para que as posições sejam acertadas”. Ele sinaliza que esse talvez seja o grande desafio do nosso tempo. Tem razão o colega Thiago. Têm razão também Mafalda e Susanita que, antes da criação e disseminação das fake news e deepfakes, já se preocupavam com tal ignorância. 

Chega de confusão!

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