COLUNA

Sônia Zaramella

soniaz@ehfonte.com.br

Relatos e fatos, pessoais ou não, do passado e do presente de Cuiabá e de Mato Grosso.

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O patinho feio ficou para trás

Minha coluna no eh fonte estreia hoje com a intenção de relatar assuntos da história e da atualidade de Cuiabá e de Mato Grosso. Pretendo nos próximos conteúdos atender linhas popularmente conhecidas como ‘quanto mais global mais local’, ‘somos invisíveis para o país’ e ‘a realidade local não é vista nem por nós mesmos’, entre outras que usarei para ajudar a entender e a valorizar o estado e sua capital.

Desse modo, o propósito é discutir por aqui temas e assuntos regionais que ocorreram no passado, ou que podem estar acontecendo agora, devidamente inseridos, ou associados, aos contextos interno e externo posto que, como diz o poema chinês “temos montanhas e rios diferentes, mas compartilhamos o mesmo sol, lua e céu”.

Ou seja, todos convivemos no mesmo espaço global, amargando de pandemia da Covid-19 às mudanças climáticas de um lado e usufruindo dos avanços da ciência e da inovação tecnológica de outro lado. Em meio a isso, portanto, estado, cidade e populações são participantes ativos da construção do momento atual, da mesma forma como foram antigamente.

Por isso, se a realidade local não é contemplada aqui ou acolá, ou se é parcialmente ignorada por motivos diversos, tais como o de comunicação, além das razões históricas e culturais, tentarei neste espaço apresentá-la com seus erros e acertos, com suas vitórias e derrotas, ou com recordações relevantes, se for o caso.

O importante nisso tudo é compreender a memória e a posição de Mato Grosso no cenário atual, de forma que se aviste um futuro sem essa pecha de ‘patinho feio’, aquela ideia de estado imenso e desimportante localizado distante de centros notáveis do país e sem integração com os demais continentes, principalmente a América Latina.

Os tempos são outros, Cuiabá e Mato Grosso estão (como sempre estiveram, aliás) cada vez mais incorporados aos quadros nacional e mundial por conta de suas origens, populações, cultura, integração, ambiente e pujança agrícola, só para citar algumas referências. Mais recentemente ganhou visibilidade também no futebol: avante ‘Dourado’.

De 1719, ano da fundação de Cuiabá, origem de Mato Grosso, para cá, o estado se notabilizou por sua vasta extensão territorial. Isso ocorreu apesar de ter cedido sua área inicial para criação de unidades federativas do Brasil, quais sejam o Território Federal do Guaporé (1934), depois Estado de Rondônia – 1981, e o Estado de Mato Grosso do Sul (1979).

Talvez essas divisões de sua terra natural para formação dos dois estados (RO e MS) seja um exemplo concreto do valor que Mato Grosso apresentou desde sempre, mas que foi pouco percebido como ponto favorável. Ao contrário, por ocasião da divisão para criação de Mato Grosso do Sul, por exemplo, os comentários da época apontavam para uma situação ‘traumática’ e ‘sofrida’ deixada, pós-divisão, para o estado remanescente.

Sou uma otimista de nascença. Bairrista também. Procurarei, então, com a experiência que o Jornalismo me proporcionou em décadas de prática ver e repercutir conteúdos que julgo importantes e que colocam Cuiabá e Mato Grosso numa conjuntura mais reconhecida. Farei isso com base em fatos e história, mesmo que esses não se mostrem oportunos à visibilidade positiva tanto da capital quanto do estado.

Nos dias de hoje, ser cuiabano de “chapa e cruz” tem muitas explicações.  Mas prefiro ficar com a mais simples e, acredito, a que tem mais tradição do uso popular e difundido, que é a da “chapa”, representando o nascimento em Cuiabá, e a “cruz”, simbolizando a morte na capital. Gosto também de ler nos dicionários que “chapa e cruz” é uma expressão regional típica da cidade brasileira de Cuiabá, no estado de Mato Grosso, que designa o cuiabano autêntico, “puro de origem”.

Levando isso em conta, o que chamo de ‘meu mundo vivido’ será também dividido aqui numa perspectiva mais inserida no campo da memória. Da infância no Mundéo (hoje avenida General Melo), em Cuiabá, bairro onde nasci e que está no espaço da Igreja do Senhor Bom Despacho e da Santa Casa de Misericórdia, passando por escolas e clubes da adolescência, pelos estudos em Brasília, até às lidas jornalísticas que me ajudaram a enxergar a riqueza de minhas raízes locais, acumulei lembranças culturais para compartilhar que considero valiosas.

Vou tentar realizar isso, se puderem, leitores, me ajudem com ideias, observações e sugestões. No século 18, os caminhos para chegar e conhecer Cuiabá e Mato Grosso foram os rios, agora há inúmeros meios de transporte, além de incontáveis formatos e plataformas disponíveis pela tecnologia, entre eles esta modesta coluna, às quintas-feiras, no eh fonte.

No linguajar cuiabano, tudo isso ‘é bom demás’.

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