COLUNA

Margareth Botelho

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Um bilhete por Marielle Franco

Quem ainda acredita na Justiça, vale uma sugestão. Anote os nomes dos parlamentares de Mato Grosso que votaram a favor da revogação da prisão de Chiquinho Brazão. Deputado federal pelo Rio de Janeiro, ele é apontado como um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL/RJ) e de seu motorista Anderson Gomes.

Com eleições bem perto e outros pleitos chegando, o bilhete vai ajudar a manter na memória a sessão na Câmara Federal no dia 10 de abril de 2024. Enquanto uma leva de “nobres” parlamentares queriam soltar Brazão, uma pequena e eficiente maioria votou pela permanência dele na cadeia. Eram necessários, no mínimo, 257 votos. Foram 277 contra 129.

Voltando ao bilhete, segue o placar da bancada mato-grossense: Abílio Brunini (PL), Amália Barros (PL), Coronel Assis (União), José Medeiros (PL) e Coronel Fernanda (PL) votaram pela soltura de Brazão. Já os deputados Juarez Costa (MDB), Emanuelzinho (MDB) e Gisela Simona (União) foram favoráveis à manutenção da prisão.

Tirando o deputado Abílio, que buscou marketing para esclarecer sua decisão, os demais foram quase monossilábicos. Abílio acabou falando pelos 5 usando teses jurídicas. Para quem é da área e preza pela Justiça, os argumentos dele não passaram de realidade distorcida. Muito além de teorias, trata-se de um dever cívico das autoridades públicas dar ao Brasil as respostas sobre todos os fatos que envolvem a execução de Marielle. São 6 anos de espera pela elucidação do crime. A família não aguenta mais. Ninguém suporta!

Marielle, onde quer que esteja, talvez tenha se sentido de novo enterrada naquele dia 10 ou quem sabe chorou ou ficou só quieta. Defensora implacável das causas sociais, da luta LGBTQIA+, contra o racismo e a violência, a vereadora teve a vida interrompida aos 38 anos. “Seis anos sem saber porque minha esposa não chegou para o jantar”, escreveu a viúva, Mônica Benício (PSOL), em um post no Instagram.

Quem mandou matar Marielle não imaginou que ela era a semente de uma luta que começou na favela da Maré. E também que, no dia seguinte ao atentado, várias “Marielles” iriam se levantar. Se a luta da vereadora incomodou alguém, ainda não sabemos oficialmente. Mas podemos perguntar: que democracia é essa que em pleno século 21, ao divergir, a morte torna-se a única saída. Marielle, mulher, negra, mãe, filha, irmã e esposa. Morreu vereadora e socióloga com mestrado em Administração Pública.

Investigação – Em março, por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), foram presos o deputado federal Chiquinho Brazão, o irmão dele Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio, e Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro.

A Polícia Federal aponta os 3 como mandantes dos assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes. As investigações indicam que a motivação do crime tem relação com a disputa fundiária no Rio de Janeiro. Ronnie Lessa é o autor dos disparos. Sargento reformado da Polícia Militar do Rio, ele fez acordo de delação premiada com a PF e assumiu ter matado Marielle e Anderson.

 

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