Saiba quem mentiu no debate em Cuiabá
No debate realizado de terça-feira (03) na TV Vila Real, do Grupo Gazeta de Comunicação, os processos dos candidatos à prefeitura de Cuiabá na Justiça estiveram entre os temas centrais.
Eduardo Botelho (União) e Lúdio Cabral (PT) centraram os ataques de quem tinha a ficha suja e contou com momentos mais acalorados. Abílio Brunini (PL) também aproveitou a carona para cutucar Botelho e os escândalos de corrupção do PT (em nível nacional). Apenas Domingos Kennedy (MDB) não tratou de falar sobre seu histórico na Justiça.
Iniciadas as provocações pelo liberal, Abilio questionou Botelho se ele concordava com políticos fichas-sujas pedindo votos. Na sua resposta Botelho soltou a primeira afirmação sem lastro na realidade:
“Quem é condenado por corrupção, realmente, não deve ocupar cargo público. Eu sou ficha-limpa”, disse Botelho.
Como o eh fonte já havia antecipado, Botelho responde a 31 processos como réu em seu histórico na Justiça. Em seguida, Lúdio desmentiu o adversário e citou a operação Berere:
“O senhor é réu confesso. Assumiu que participou de um esquema que desviou mais de R$ 30 milhões do Detran e está devolvendo R$ 800 mil”, atacou Lúdio.
O acordo ao qual Lúdio se referiu foi firmado em julho do ano passado e trata-se de um acordo de não persecução civil. Ele foi homologado pelo juiz da Vara Especializada em Ações Coletivas Bruno D’ Oliveira Marques. Veja aqui.
Em contra-ataque, Botelho acusou o petista de ser criminoso e corrupto:
“O candidato Lúdio é acostumado com mentira, foi duas vezes candidato do Silval Barbosa e o operador financeiro da campanha dele era Eder Moraes. […] O senhor é criminoso, é corrupto e, agora, quer dar uma de bom moço. Foi conduzido pela polícia para falar do dinheiro desviado na operação Sodoma”, acusou Botelho.
Ao contrário do que disse Botelho e em confirmação à defesa de Lúdio, o petista não foi indiciado no processo e apenas compareceu para prestar esclarecimentos como testemunha no processo 0023383-44.2013.8.11.0042 que trata-se da 5ª fase da Sodoma. A ação já está arquivada e Lúdio não consta no rol dos réus: Veja aqui.
Já Abílio, ao ser questionado sobre propostas de agricultura familiar na Capital, desviou da resposta e acusou Botelho de aprovar projeto contra os pescadores:
“Por que o senhor fez isso com os pescadores Botelho? O senhor é presidente da Assembleia Legislativa, não deveria ter agido dessa forma. Olha só o que você fez em defesa do projeto que prejudicou os pescadores em Mato Grosso”, atacou.
A informação também não é verdadeira, isso porque oficialmente o presidente da ALMT não pode votar em projetos de lei – a não ser que o placar empate seja considerado o voto de ‘minerva’. No caso, a lei 12.197/2023 ficou com o placar de 15 votos favoráveis contra 8 e o voto de Botelho não foi regimentalmente solicitado.
Além disso, em entrevistas à imprensa o presidente adotou uma postura diplomática e tentou postergar as votações e inserir ‘remendos’ para tornar a legislação mais ‘flexível’. “Se não houver concessões a tendência é derrubar. Eu tive a impressão de que se não houver concessões e eu acho que o governador também tem esse entendimento, a lei vai cair. Então tem que haver concessões, tem que haver um entendimento”, disse, às vésperas da lei ser colocada para votação. Por outro lado, Botelho também não teve um posicionamento firme contra o projeto apresentado pelo governador Mauro Mendes, seu aliado.
É importante entender os termos jurídicos para não haver confusão. No processo penal brasileiro, uma pessoa passa a ser réu quando a denúncia apresentada pelo Ministério Público é aceita pela Justiça. Nesse estágio, a pessoa responde formalmente a um processo judicial e tem o direito de se defender das acusações.
O levantamento do eh fonte revelou que Domingos Kennedy (MDB) é citado como réu em 49 processos, Abilio Brunini (PL) em 31, Eduardo Botelho (União) em 31, e Lúdio Cabral (PT), o menos citado, teve 10 processos como réu arquivados. Esses dados mostram que, apesar das declarações feitas durante o debate, todos os candidatos enfrentam questões judiciais.
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