COLUNA

Sônia Zaramella

soniaz@ehfonte.com.br

Relatos e fatos, pessoais ou não, do passado e do presente de Cuiabá e de Mato Grosso.

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Jornalismo como ganha-pão

Foto: Reprodução

O Jornalismo sempre foi e ainda é o meu ganha-pão. Após anos no mercado profissional, foi o Jornalismo que me levou à docência do ensino superior e ao título de Mestre em Ciências da Comunicação pela USP. Nessa caminhada juntei a prática com a teoria, fazendo com que o conhecimento e o ofício me ajudassem, como professora, na formação de comunicadores, iniciada em 1992, na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

Guardo na memória rostos de ex-alunos com os quais troquei aprendizado e perspectivas. O tempo passa rápido e, vez por outra, a gente vê um deles pela cidade. Muitos estão agora nas minhas redes sociais. Conto isso para dizer que me alegrei com os 30 anos de formatura da primeira turma de Comunicação Social da UFMT festejados no último sábado.

Os formandos de janeiro de 1995 usaram este mês corrente de 2025 para colocar, na Faculdade de Artes e Comunicação, a placa com os nomes dos graduados na primeira turma de Comunicação Social da UFMT, batizada de ‘Insensatez’. Com isso, repararam um ato simbólico e tradicional que deixou de ser realizado, à época da formatura, porque o curso não dispunha, no seu começo, de espaço próprio.

“Vai, meu coração, ouve a razão, usa só sinceridade” é uma das estrofes da música ‘Insensatez’, de Tom Jobim, gravada na placa da turma. A escolha foi uma homenagem ao maestro, falecido meses antes da formatura. “Na época consideramos a palavra muito pertinente aos desafios e debates que vivíamos e, surpreendentemente, o sentimento continua atual”, contou a publicitária Cláudia Luz, ex-aluna.

O curso de Comunicação Social da UFMT oferta três habilitações: Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Radialismo (agora Cinema e Audiovisual) . Faço parte do grupo dos quatro professores pioneiros de Jornalismo. A especificidade, contudo, não impediu que eu ficasse responsável também por disciplinas do tronco-comum da graduação, como a denominada Realidade Regional em Comunicação.

Assim, transitei entre as três habilitações, cujos alunos me ajudaram a investigar a memória da mídia mato-grossense. Foi uma produção de conhecimento valiosa sobre a comunicação regional, visto que o jornal foi lançado em Mato Grosso em 1839, o rádio em 1939, a televisão em 1969 e a internet comercial surgiu em 1995, mas suas histórias e personagens estavam dispersas.

Penso que fizemos o melhor que pudemos naquele tempo e, agora, pode-se dizer que o aprendizado foi de ambos – alunos e docentes. Junto comigo ingressaram na UFMT, por concurso público, em 1992, os também colegas jornalistas Maria Helena Antunes, Joaquim Welley Martins e Kátia Meirelles. Para mim foi literalmente a estreia na carreira docente, que desconhecia, pois era ativa no mercado local como jornalista.

Recordo-me que, nos primeiros anos de implantação do curso (1991-1994), o mercado local de comunicação tinha poucos veículos. Todavia, já antecipava uma grande necessidade de pessoal qualificado para a área, antevendo as mudanças que viriam pela frente com a internet. Desse modo, desde meados dos anos 1980, a sociedade mato-grossense e o mercado local pleiteavam a formação de comunicadores qualificados.

Da formatura da primeira turma de jornalistas, publicitários e radialistas da UFMT para os dias atuais, as transformações da Comunicação Social foram imensas, repercutindo em todas as habilitações. Sentimos e vivenciamos esses instantes no nosso dia a dia, seja como comunicadores, ou como cidadãos.

Mas acredito que os graduados em 1995, cada qual com o caminho que escolheu, seguem preparados para avançar, com responsabilidade social, no atual acelerado e transformador universo da Comunicação.

Em relação aos ex-alunos de Jornalismo, atuais colegas de profissão, agora já com experiência de 30 anos, peço que prossigam com a apuração de informações e histórias verdadeiras para publicação em qualquer plataforma – papel impresso, tablet, celular, vídeo, podcast ou outros formatos disponíveis na era digital. Lembrem-se: a notícia é a nossa matéria-prima e escrever é a nossa habilidade.

Façam isso para sustentar a credibilidade da imprensa e do jornalismo profissional perante os prós e contras da contemporaneidade. Em qualquer circunstância, peço também que combatam essa praga das fakes news, que não são e nunca serão Jornalismo.

Meus parabéns e redobrado sucesso aos alunos da primeira turma de Comunicação Social da UFMT, que listo abaixo.

Graduados em Jornalismo – Ademar Adams, Adilson Rosa da Silva, Aline Paula de Cubas, Francisca Bezerra de Medeiros, Justina Fiori, Gustavo Adolfo Capilé de Oliveira, Luzimar Maria da Silva e Neila Correa Ribeiro.

Graduados em Publicidade e Propaganda – Claudia Cristina Neves da Luz, Heliara Costa, Lucía Pozzi, Luciana Bezerra Figueiredo, Marcelucy Bueno de Moraes, Márcia Sant’Ana Amorim e Patrícia de Figueiredo Vilela.

Graduados em Radialismo – Ademir Nunes de Siqueira, Glaucos Luiz Flores Monteiro, Jane Bezerra Ramos de Campos, José San Martin Caminã Neto, Louremberg Alves, Paulo Figueiredo do Carmo.

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