O que João Pessoa tem de tão especial

Foto: Pref. Municipal de João Pessoa
Foi minha terceira ida a João Pessoa, capital da Paraíba. Na primeira, no início dos anos 1990, fui a trabalho e a cidade me agradou de cara pelo bem-estar que transmitia. Voltei em 2017 e, na época, percebia-se já um aumento da movimentação urbana e uma variedade turística, como o ‘Bolero de Ravel’ tocado pelo saxofonista Jurandy do Sax, na praia do Jacaré, ao pôr do sol. Mas agora, em 2025, foi surpreendente, a olhos vistos, a dinâmica crescente de pessoas, construções e obras na capital paraibana.
Não é à toa, portanto, o que se lê, ultimamente, a respeito de João Pessoa. As notícias dão conta que a capital paraibana tem atraído novos moradores originários de todos os cantos do país. Cuiabá e Várzea Grande, em Mato Grosso, figuram nesse cenário. Há uma fuga para João Pessoa por conta de muitos fatores, entre os quais, qualidade de vida, oportunidades comerciais, custo de vida relativamente menor que outras capitais, imóveis para venda e locação com valores interessantes, além de belas praias.
No Mercado Público do bairro da Torre, onde comprou carne de sol, o morador Miguel disse à coluna, ao falar sobre a invasão de novos residentes na cidade, que a região de Intermares, em Cabedelo “tem mais morador de fora do que de João Pessoa”. Ele relatou que muitos comerciantes “acham boa essa invasão porque ganham mais dinheiro, há muito movimento na orla marinha”. Reclamou, porém, que “o trânsito explodiu e muitos apartamentos subiram de preço, em média 30% ”.
Sandra, comerciante do Mercado da Torre, comentou que, para ela, “o movimento de pessoas é maravilhoso”. Esperançosa por tempos prósperos, disse esperar que “o novo morador tenha o intuito de aumentar o emprego na cidade, para que o comércio e o turismo tenham mais portas abertas e as pessoas possam trabalhar e gerar renda para João Pessoa”. Mas concordou com Miguel na visão de que “aqui o pessoal está aproveitando a ocasião para aumentar os preços de um modo geral”.
João Pessoa foi fundada em 1585 pelos portugueses, é a terceira cidade mais antiga do Brasil. Na atualidade tem cerca de 840 mil habitantes e, com 47,11 m² de área verde por pessoa, é uma das cidades mais arborizadas do Brasil, reconhecida pela ONU. A capital brasileira onde “o sol nasce primeiro” tem apresentado um clima mais quente recentemente, tornando seus dias ensolarados convidativos para as praias, muitas delas na área urbana, como Tambaú, Cabo Branco e Bessa. Dando uma esticada a partir da capital, além das praias de Cabedelo, estão as do litoral sul, como a praia do Coqueirinho.
Nascido no interior de São Paulo, Danilo se mudou para João Pessoa há três anos. Hoje vende acessórios na praia do Bessa e observa o contínuo aumento de pessoas e construções na região. “A cidade está vivendo um boom, perto de casa é o terceiro prédio que está subindo”, contou. Danilo, que é tradutor por formação, se disse satisfeito na cidade e animado com as vendas que realiza nas praias. Ele já adquiriu um imóvel perto de onde trabalha – “tem sala, uma suíte, mais um quarto, banheiro social e cozinha e quando saio na sacada eu vejo o mar”, comemorou.
Animado com o trabalho está também o motorista de aplicativo Marcos, que é pessoense (natural de João Pessoa). “Trabalho das 7 da manhã às 7 da noite, todos os dias da semana. A demanda aumentou bastante, nos horários de pico está até difícil trabalhar”, pontuou. Por causa disso, segundo Marcos, um novo morador de João Pessoa deve procurar regiões mais tranquilas. “Eu indicaria Intermares, em Cabedelo, que é mais residencial e as pessoas podem ver ninhos de tartarugas, apesar da praia com mais ondas”, sugeriu.
Depois de 33 anos morando em Cuiabá, a jornalista mineira Liana Menezes está há cinco residindo na capital da Paraíba. “Amo João Pessoa, a cada dia vejo crescer em mim um sentimento muito feliz de pertencimento a este lugar. Vivo hoje numa capital moderna, culturalmente efervescente, que abraça a velhice com respeito e alegria”, descreveu Liana. Ela destacou que, além das praias de águas mornas e limpas, o custo de vida justo, a alegria e a generosidade do pessoense são atrativos da cidade. Quanto à saúde, segurança, saneamento básico, João Pessoa enfrenta os problemas afins de uma capital, disse.
Também ex-moradora de Cuiabá, a aposentada Gorete Campos nasceu em Natal (RN), mas cresceu na Paraíba, onde voltou a morar nos últimos anos, depois de residir em Rondônia e Mato Grosso. É comum Gorete receber amigos cuiabanos em sua casa em João Pessoa, com o carinho e animação peculiares ao nordestino e também ao mato-grossense. Como senti, desta vez, mais calor na cidade em relação às visitas anteriores, perguntei a ela sobre o clima e me respondeu que sim, João Pessoa está mais quente mesmo.
Mas ressaltou que não se compara ao calor cuiabano – “fui a Cuiabá em agosto passado e passei mal com a seca e a fumaça. Nem à Chapada consegui ir”, reclamou.
Gorete tem razão! O clima quente de Cuiabá pode ser relacionado como um motivo a mais para os conterrâneos escolherem João Pessoa para morar. A cidade também é um centro de cultura e história. Vale a pena conhecer!
Meus amigos do peito há décadas, Carmen e Nelson Monair foram meus perfeitos anfitriões na cidade. Grata!
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