Obra do Portão do Inferno em MT ‘virou um inferno’
- Um ano após o decreto de emergência devido ao deslizamento de terra na região do Portão do Inferno, na estrada que liga Cuiabá a Chapada dos Guimarães (MT-251), o problema completa seu primeiro “aniversário” sem solução.
Em março, o governo de Mato Grosso anunciou o retaludamento do morro, que está com problema de deslizamento, como a única alternativa, mais rápida e econômica, contratando a empresa Lotufo Engenharia por R$ 29,5 milhões. Inicialmente, segundo o próprio governo, a previsão era de quatro meses de obra.
E o que foi feito até agora? Quase nada. Nem mesmo as telas de proteção, apelidadas por internautas de “telas de galinheiro”, foram completamente instaladas no local pelo governo. Apenas agora está em fase de implementação uma barreira dinâmica, destinada a garantir a segurança do trânsito durante a execução das obras. Ainda assim, não há prazo nem cronograma definidos. Houve também algumas intervenções pontuais, com a retirada de rochas manualmente e com o uso de maquinário.
A estrada de Chapada dos Guimarães, cidade turística que depende do fluxo de visitantes, voltou ao sistema de “pare e siga” na estrada, com apenas uma pista liberada para o tráfego. No Festival de Inverno, em julho, o trânsito foi parcialmente normalizado após solicitação do Ministério Público, mas com restrições para caminhões.
Na semana passada, fortes chuvas na região levaram ao bloqueio da via por 24 horas. A falta de uma comunicação eficiente por parte do governo estadual quase causou confusão no local. Segundo quem estava na fila, a chegada de reforço policial impediu motoristas de “furar o bloqueio”.
Quem trafega pela estrada percebe que, até o momento, apenas a retirada da vegetação foi realizada. Entre as exigências para a execução das obras estão a catalogação e remoção de espécies vegetais e animais, além da implementação de programas de gerenciamento e monitoramento ambiental. Existe burocracia, existe. Mas falta empenho político por parte do governo de MT e gestão para solucionar o problema.
A coluna questionou a Secretaria de Infraestrutura e Logística (Sinfra) em relação ao prazo da obra, mas não obteve informação sobre o cronograma. O governo coloca a culpa no Ibama e no ICMBio. “Inicialmente, foi protocolado um pedido de dispensa do licenciamento ambiental, mas, após análise, foi concedida uma licença ambiental com mais de 21 condicionantes, algumas indispensáveis para o início dos trabalhos”, informou a Sinfra.
Com toda essa polêmica, a preocupação aumenta neste fim de ano. A Câmara de Dirigentes Lojistas de Chapada dos Guimarães enviou, em 22 de novembro , um ofício à Sinfra solicitando informações sobre a pavimentação da MT-251, estrada da Água Fria, considerado um caminho alternativo para Chapada. Até agora não recebeu uma resposta. E por que o governo não pavimentou a estrada como alternativa?
Na esfera política, existem dúvidas se uma cobrança direta ao governador Mauro Mendes é o melhor caminho. A avaliação é que se está ruim pode ficar pior. Por outro lado, há também expectativa quanto ao pedido do Ministério Público Federal para paralisação da obra. No entanto, outros dois pedidos foram negados.
Neste fim de ano, a praça Praça Dom Wunibaldo recebeu uma decoração especial de Natal. Para o réveillon, a programação inclui shows do dia 27 a 31, com destaque para a apresentação de Lulu Santos no dia 28.
Enquanto a maioria das intervenções permanece apenas no papel, à população resta rezar, recorrer a simpatias e torcer para que a chuva não cause novos desmoronamentos e um bloqueio total da estrada. O Portão do Inferno transformou-se, literalmente, em um verdadeiro inferno para quem depende da estrada.
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