Os estranhos movimentos políticos de Mauro Mendes
Embora as eleições de 2026 ainda estejam distantes, já há uma certa apreensão com as movimentações do jogo político em Mato Grosso. O governador Mauro Mendes se adiantou e posicionou-se ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro nas duas últimas manifestações públicas em defesa da anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro.
Talvez não esperasse ser barrado ao tentar assumir o comando do PL no estado — uma jogada que surpreendeu a cúpula nacional do partido e irritou seus correligionários. Nos bastidores, aliados avaliam que o governador tem feito movimentos políticos considerados “estranhos”. O PL estadual ganhou fôlego nas eleições municipais e saiu com 22 prefeituras no bolso.
No próximo ano, das 81 cadeiras do Senado, 54 estarão em disputa — duas por estado — o equivalente a dois terços da Casa. E formar uma bancada forte no Senado é uma das prioridades de Jair Bolsonaro, que pretende ter maioria, eleger o presidente do Senado e abrir caminho para processos de impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Diante desse cenário, Mendes se antecipou para “colar” no ex-presidente.
O deputado federal José Medeiros (PL), que já ocupou uma vaga no Senado, é um dos nomes cotados pelo partido para 2026. Também é ventilado o nome de Antonio Galvan, ex-presidente da Aprosoja Brasil, citado por Bolsonaro como possível candidato, apesar de responder a investigações. Já a deputada estadual Janaina Riva (MDB), atualmente licenciada, tem adotado uma postura crítica ao governo Mauro Mendes e também se colocou como possível concorrente ao Senado.
Os senadores Jayme Campos (União) e Carlos Fávaro (PSD) são nomes cogitados para reeleição. No entanto, Jayme pode disputar o governo, enquanto Fávaro já não descarta concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados.
No caso de Mendes, apesar da boa avaliação do governo, a derrota nas eleições para prefeito de Cuiabá, com o apoio frustrado a Eduardo Botelho (União), fez muita gente lembrar de Dante de Oliveira, que faleceu em 2006. Também bem avaliado quando governador, Dante era considerado favorito ao Senado em 2002, mas acabou derrotado. À época, renunciou ao cargo no fim do segundo mandato para disputar uma das vagas em jogo — e não se elegeu. O episódio ficou marcado como um exemplo de salto alto na política mato-grossense.
Nas últimas semanas, circula nos bastidores que Mendes pode desistir da disputa ao Senado e optar por concluir o mandato. A avaliação entre políticos e aliados é que a informação pode ser apenas um blefe — ou o sinal de uma nova composição em formação. Enquanto isso, obras importantes seguem atrasadas, como o BRT de Cuiabá e Várzea Grande, a duplicação da BR-163 e o Parque Novo Mato Grosso, apontado como “a menina dos olhos” do governo. O projeto será financiado com recursos públicos, mas entregue à iniciativa privada. A dúvida que paira é se Mendes estaria disposto a deixar a gestão nas mãos do vice, Otaviano Pivetta (Republicanos), pré-candidato ao governo em 2026, que teria outras prioridades.
Caso decida disputar o Senado, Mendes terá que renunciar ao cargo de governador até abril de 2026. Nesse cenário, Pivetta assume o comando do estado, sem precisar se afastar para concorrer ao governo.
Com o relógio eleitoral correndo, Mauro Mendes se vê diante de um impasse: renunciar e testar sua força nas urnas para o Senado ou concluir o mandato apostando no próprio legado. A dúvida, por enquanto, é se ele tem mais a perder com o blefe ou com o salto alto.
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