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Sônia Zaramella

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Relatos e fatos, pessoais ou não, do passado e do presente de Cuiabá e de Mato Grosso.

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Passes, benzimentos e Reiki

 

Foto: IP/Canva

Não dá para quantificar em números, mas o interesse e a busca por alternativas que ajudam as pessoas a se reenergizar fisicamente e emocionalmente não saem do foco com o passar do tempo. Nesse campo, os passes e benzimentos, carregados de ancestralidades e religiões, estão apresentando redução na procura. Porém, de outro lado, surge o Reiki, uma terapia complementar já oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que se encontra em expansão, hoje em dia, no Brasil.

O mundo capitalista frenético de agora e pós-covid faz os indivíduos precisarem de vigor, autocontrole e de ajuda em relação à ansiedade, depressão e ao estresse, entre outros mal-estares inerentes à modernidade. Nesse instante, o passe e o benzimento, apoiados pela fé e realizados com uso de plantas medicinais ou não, são procurados por homens e mulheres em centros de umbanda ou espíritas e em casas de benzedeiras. Já o Reiki, que não está ligado a nenhuma religião, mas sim à espiritualidade, é usado em hospitais.

Nem o passe, o benzimento ou o Reiki substituem tipos de tratamento para doenças psicológicas ou físicas, esclarecem seus voluntários. À coluna, Umbelina Rodrigues da Silva, umbandista, explicou que “o passe é uma transferência de energia entre uma pessoa e outra e é uma prática mais comum entre espíritas e adeptos do espiritualismo”. Ela acrescentou que “o passe sempre foi usado como instrumento de cura, com a imposição das mãos sobre pessoas doentes, acamadas ou com problemas de saúde mental, desde a época de Cristo”.

Já o benzimento “é resultado de um dom, passado de geração para geração, independentemente de sua vontade, que não tem relação com espíritos ou espiritismo”, esclareceu Umbelina, mas sim “com a intenção do benzedor, que utiliza suas rezas e rituais para ajudar a quem precisa”. Entre as queixas das pessoas que procuram benzedeiros e benzedeiras estão dificuldade para dormir, desilusão, arca caída, quebranto, desânimo, apatia, fraqueza, falta de apetite, falta de alimento espiritual e perturbações.

A umbandista assinalou que o passe é aplicado no centro e o benzimento normalmente se faz em casa. Todavia, Umbelina, 72 anos, aposentada, prefere realizar seus atendimentos no espaço Seara Nossa Senhora do Carmo, bairro Jardim Primavera, em Várzea Grande. Mas ela faz questão de enfatizar que não recusa “um pedido de socorro, uma urgência, porque sabemos que o nosso dom está a serviço do bem”. Ela disse que “só de olhar para a pessoa já somos capazes de sentir a energia dela e sentir também o que a aflige e, às vezes, até o motivo daquela angústia”.

Quanto ao Reiki, a mestre paulista Vera Athaydes, também em conversa com a coluna, pontuou que a técnica está, atualmente, numa fase de crescimento. Segundo contou, em 2015, ela e o grupo de reikianos voluntários do Luz Reiki – Amor e Ação, que coordena e que trabalha em SP, tinham autorização para irem até o setor de cuidados paliativos dos hospitais, mas que, a partir de 2016, foram liberados a entrar nas UTI’s Adulto, Infantil e Neonatal. Reiki significa energia vital universal. É uma técnica passada de mestre para discípulo, em que o terapeuta canaliza essa energia disponível no universo e transfere para o paciente por meio da imposição de mãos, visando equilibrar corpo, mente e emoções.

É reconhecido pela OMS e oferecido pelo SUS na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares, como arteterapia, yoga, meditação, entre outras. A mestre reikiana Vera disse que um dos efeitos pós-pandemia foi o desequilíbrio emocional e o aumento das psicoses provocado nas pessoas que, a partir disso, passaram a precisar de mais ajuda emocional. “Mesmo com o materialismo, os indivíduos começaram a buscar ajuda, ampliar o estado de consciência e se conectar com os desejos da alma, que é o que nos sustenta”, reiterou.

Nesse contexto, ela apontou o mais importante benefício do Reiki, que é “ajudar a dar consciência de quem somos”. Proprietária da Casa Ubuntu, que é uma clínica de terapias integrativas na cidade de SP, Vera Athaydes enfatizou que o Reiki é uma filosofia de vida, baseada em cinco princípios que são os seguintes: “só por hoje, sou calmo, confio, sou grato, trabalho honestamente e sou bondoso com todos”. Ela citou que figuram também entre os benefícios do Reiki “acalmar e aliviar o estresse, equilibrar a energia vital, regular o metabolismo, equilibrar o sistema hormonal e harmonizar a ansiedade”, entre outros.

Vistos como práticas e terapia complementar, o passe, o benzimento e o Reiki, respectivamente, têm objetivos semelhantes, que é o de restabelecer o equilíbrio material ou físico e espiritual das pessoas. Como exemplificou a umbandista Umbelina: “no Centro que frequento as pessoas veem ali uma oportunidade de socorro e de ajuda – querem um passe, um conselho, um abraço, um consolo, um sopro de esperança, alguém para dizer que as coisas vão melhorar”.

É isso, muita harmonia para todos!!!

*Os textos das colunas e dos artigos são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do eh fonte

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