COLUNA

Sônia Zaramella

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Relatos e fatos, pessoais ou não, do passado e do presente de Cuiabá e de Mato Grosso.

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Trigoria, o boteco do samba das segundas-feiras

Foto: Anderson Pinho

Na avenida Haiti, nº 468 , do Jardim das Américas, um dos bairros nobres de Cuiabá, fica o Trigoria, um boteco que tem samba ao vivo todas às segundas-feiras das 18h30 às 23h30. Batizado de Samba da Ressaca, esse projeto acabou de completar um ano. Com petiscos e cerveja gelada, o Samba reúne uma média de 150 pessoas a cada segunda-feira para cantar e dançar animadas por músicos locais e convidados.

Mas não é só do Samba da Ressaca que vive o Trigoria. Aos sábados entra em cena o Samba da Monarquia, com repertório do samba raiz. A casa abre nas sextas-feiras também com música ao vivo. E um novo projeto vem por aí – as noites de quinta-feira, que já pertenceram ao som instrumental (chorinho, jazz e blues), passarão a ser do forró. A ideia é reunir os forrozeiros de Cuiabá que têm pouco espaço para trabalhar.

O casal Vera Lúcia e Luis Sérgio frequenta o Trigoria desde sua abertura. “Gostamos do samba, dos proprietários e das amizades que fizemos aqui”, disse Vera. Ela observou que entre o samba de sábado e o de segunda-feira há públicos diferentes, misturando faixas etárias. Mas lembrou que, em todos os eventos, há um ambiente saudável, além de seguro. “A gente nunca viu nada que desabone a casa, isso é importante e nos dá tranquilidade”, frisou.

Música e cozinha são os carros-chefes do Trigoria. Daí fazer da casa um boteco, um propósito de Enéas Yonesawa, um dos donos do negócio, não foi difícil. Ele contou à coluna que começou o Trigoria como rotisseria, no mesmo bairro. Depois da mudança de endereço, a rotisseria foi ampliada com um restaurante, que se tornou um bar e agora boteco. Nesse movimento, a música, em especial o samba, foi naturalmente incorporada ao espaço.

No endereço atual, o Trigoria está há quase 10 anos. Mário Fava, parente e sócio de Enéas, frisou que hoje a casa “trabalha com eventos, shows e projetos musicais e culturais, mas a rotisseria (massas, assados, bacalhoada, encomendas especiais) continua”. Há também uma feijoada do Trigoria nos almoços dos sábados, com música ao vivo. “Cozinhar é minha terapia, eu é que faço a feijoada”, declarou Enéas.

Inês Silva, aposentada, baiana criada em Rosário Oeste, agora moradora de Cuiabá, é frequentadora assídua do Trigoria. “É uma casa que tem respeito e consideração com os clientes”, disse. Já Ana Guedes de Oliveira, para quem ‘o samba salva’, pontuou que o Trigoria é o espaço para dançar, ser feliz e ver os amigos. “É uma família”, resumiu ela, que é aposentada. Ana tem preferência pelo Samba da Monarquia dos sábados.

Mas voltando ao Samba da Ressaca, os cuiabanos Enéas, com pai japonês, e Mário, com pai italiano, se juntaram com outro cuiabano, este de pé rachado, que é o Claudinei Neves, o Clau Simpatia, para realizar o projeto no Trigoria. Clau explicou que se baseou no Samba do Trabalhador, realizado às segundas-feiras, no Clube Renascença, no Andaraí , Rio de Janeiro

“Tem característica social, é de fácil acesso aos trabalhadores da noite cuiabana e tem a intenção de levar entretenimento ao público na segunda-feira”, disse. Ele justificou que o Trigoria foi escolhido porque é uma casa que acolhe o samba, é bem localizada, com estrutura que agrega e acomoda bem os clientes. Nesse um ano de Samba da Ressaca foram cerca de 50 eventos com sucesso de público.

Clau Simpatia, musicista que faz do samba seu ganha-pão, disse também que “com o Samba da Ressaca temos a melhor segunda-feira do mundo em Cuiabá, com gente feliz e repertório variado que vai do antigo ao contemporâneo”. A cantora e produtora cultural cuiabana Deize Águena, que se apresenta e realiza eventos no Trigoria há anos, concorda com Clau Simpatia.

“A casa aconchega não só pelo ‘samba forte’, mas pela abertura que dá aos artistas e produções musicais”, destacou Deize. No festivo último 7 de abril, cerca de 350 pessoas prestigiaram o Samba da Ressaca, estimou a cantora. Ela sublinhou que a iniciativa é um sucesso e o que faz a diferença são “os músicos, que têm qualidade, repertório variado, harmonia, o que agrada qualquer público, cantando samba e pagode”.

Carlos Roberto Montandon, jornalista, ama o samba e, nessa preferência musical, ele não saberia ir para outro lugar em Cuiabá a não ser o Trigoria. “Confio na casa e nos músicos. O samba de segunda-feira foi uma inovação para Cuiabá que pegou”, disse. A publicitária Camila Vandoni escolheu o repertório de ‘samba mais raiz’ como o fator que levou ao Trigória. Além disso, “o ambiente é familiar, o que me deixa muito à vontade até para eventualmente cantar”, disse.

Seja pela roda de samba, cozinha, atendimento, simpatia dos proprietários, dia da semana ou horário de funcionamento, o certo é que o Trigoria vem percorrendo um caminho de inovação contínua.

Assim sendo, vida longa ao Trigoria na tarefa de divertir, entreter e não deixar o samba morrer!

PS – O nome da casa – Trigoria – é o do Centro de Treinamento do Roma, time de futebol da Itália. Foi sugerido por um parente, torcedor do clube italiano, logo no início de suas atividades, quando funcionava apenas como rotisseria.

 

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