Triunfo do Botafogo e derrota do Cuiabá
Em dezembro de 2023 escrevi a coluna intitulada “Brasileirão Rei fecha com revés do Botafogo e sucesso do Cuiabá”. Agora, um ano depois, volto para falar do triunfo do Botafogo de Futebol e Regatas e do rebaixamento do Cuiabá Esporte Clube no Brasileirão de 2024. Uma reviravolta e tanto desses dois clubes no certame e que caracteriza bem o futebol – um esporte coletivo de movimento coberto de magia, encantamento e de caprichos.
No meio dessa ebulição futebolística estão os torcedores, uns fanáticos, outros entusiasmados e a maioria formada por apreciadores e simpatizantes do futebol, o esporte mais popular do Brasil. Segundo levantamento da CBF, em abril do ano passado existiam 1.276 clubes praticando o esporte no país, entre profissionais (850) e amadores (426).
Nos profissionais 20 formaram, este ano, a Série A (a elite) do Brasileirão, entre eles o Botafogo, do Rio de Janeiro, e o Cuiabá, de Mato Grosso. Do time local sou uma torcedora recente, mas pelo clube carioca torço desde ‘criancinha’, daí que posso ser carimbada como uma torcedora ‘raiz’ do Botafogo e uma torcedora ‘esperançosa’ do Cuiabá.
Herdei a paixão botafoguense do meu pai Álvaro, fã de Didi, Nilton Santos, Garrincha, Manga, Amarildo e tantos outros jogadores do clube de um passado glorioso. Papai viu o título nacional do Botafogo de 1968, mas não o de 1995 – ele faleceu em 1990. Mas minha mãe Nelly, eu e meus irmãos Vera e Álvaro Filho vimos. Na ocasião lembramos dele o tempo todo e do sorriso que decerto abriria para a vitória do Botafogo.
Cresci em Cuiabá com a imagem do meu pai, de pé, ouvido colado no rádio estrategicamente colocado em cima da geladeira na espaçosa cozinha de casa, ouvindo as transmissões dos jogos. Dali ele não saía até o apito final da partida do Botafogo, com o time ganhando, perdendo ou empatando, acompanhado de seu infalível cigarrinho na mão.
Fico imaginando como reagiria papai tanto no campeonato de 2023 quanto neste de 2024 perante as tão díspares performances do Botafogo. Mais ainda, como explicaria o revés de 2023 e o sucesso duplo deste ano, com a conquista da Copa Libertadores da América e do Campeonato Brasileiro. Só não foi pleno porque o time não avançou na Copa Intercontinental, em Doha, no Catar.
Gosto de futebol, vivi o carrossel que foram esses anos de altos e baixos do Botafogo sem vencer certames importantes. Além dos desastrosos rebaixamentos para a Série B em 2015 e 2021.
Como torcedora ‘raiz’ repeti, ano a ano, a frase – “tem coisas que só acontecem com o Botafogo” (como o título que escapou em 2023) – para me consolar em relação ao desempenho do clube.
Mas neste ano toda minha ‘agonia’ como botafoguense desapareceu. Meu irmão Álvaro, meu sobrinho Rafael, seus filhos Joaquim e João Vicente, e minha irmã Vera estamos todos felizes com as vitórias do Botafogo. No céu, meus pais estão também em êxtase, creio nisso.
Reconheço que 2024 foi, no futebol, de muita emoção para mim e meus irmãos, considerando que nossos corações já acumulam umas décadas vividas. Além disso, o fato de trazer papai para nossa memória a cada partida disputada pelo Botafogo foi algo extraordinário. A estrela solitária segue batendo firme.
Sobre o Cuiabá, o clube da minha terra natal, que infelicidade foi a sua quarta participação no Brasileirão deste ano! Ficou em último lugar e foi rebaixado para a Série B. Um contraste com 2023, ano em que o Dourado fez sua melhor campanha na elite do futebol, ficando em 12º lugar, na frente de Corinthians e Cruzeiro.
Por conta dessa façanha, em 2024 disputou a Copa do Brasil, a Copa Verde, a Sul-Americana, além do Brasileirão. Porém não se saiu bem em nenhum desses certames. Só foi campeão do Campeonato Mato-grossense de Futebol. Um baque para o Cuiabá e seus torcedores. Seu jogador ‘ídolo’ já deixou o time – o capitão e goleiro Walter. Ele fez 203 partidas pelo Dourado, sendo 83 jogos sem sofrer gols.
O rebaixamento significa prejuízo financeiro ao clube, além de respingar negativamente na cidade. Analistas sinalizam impactos nas áreas do turismo e do comércio, com reflexos em hotéis, bares, restaurantes, shopping centers, táxis e transportes por aplicativos de Cuiabá que se beneficiam com o aumento de visitantes em dias de jogos de grandes times na capital.
De seu lado, a Arena Pantanal e seu entorno devem apresentar também mudanças desfavoráveis de público e de movimentação com os jogos do Cuiabá, agora pela Série B do Campeonato Brasileiro.
De toda sorte, no saldo do futebol deste ano o que conforta (e orgulha) os torcedores em geral da capital mato-grossense é o fato de dois jogadores conterrâneos – Igor Jesus e Cuiabano – terem conquistado os títulos de campeões do Brasil e da América pelo Botafogo de Futebol e Regatas.
Feliz Ano Novo ao Botafogo, ao Cuiabá, e a todos os jogadores e torcedores desses dois times que simbolizam bem o que é o futebol!
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