COLUNA

Adriana Mendes

adrianam@ehfonte.com.br

Informações de política, judiciário e meio ambiente.

Banner
Banner

Trump suspende Usaid e afeta parceria com ONGs em Mato Grosso

Foto: Adriano Gambarini/OPAN

Organizações não governamentais (ONGs) que mantêm contratos com a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid, sigla em inglês) já buscam alternativas para viabilizar projetos em andamento. Em Mato Grosso, pelo menos dois programas foram diretamente impactados.

A decisão de Donald Trump suspendeu, por 90 dias, novos repasses de fundos dos EUA para outros países, ONGs e órgãos internacionais. O republicano justificou a medida alegando que os recursos estrangeiros estavam desestabilizando “a paz mundial ao promover ideias” que seriam “contrárias a relações internas e internacionais estáveis e harmoniosas.” Em Mato Grosso, podemos dizer que Trump desestabilizou a paz das ONGs.

Em setembro de 2024, a Operação Amazônia Nativa (OPAN) iniciou a implementação da política nacional de gestão ambiental e territorial na Terra Indígena Apiaká do Pontal e Isolados. Segundo Artema Lima, coordenadora do Programa Mato Grosso da OPAN, cerca de 400 indígenas beneficiados pelo projeto “Tapajós pela Vida” podem ser prejudicados. O projeto, com duração prevista de três anos e parceria com a WWF, tem um contrato em torno de R$ 1,2 milhão.

“Recebemos a notícia da paralisação das atividades dos projetos por 90 dias. Esta foi uma decisão unilateral da Usaid que não temos ingerência. Estamos ainda analisando o cenário e tentando buscar alternativas para não deixar as equipes sem contrato”, disse Artema.

O projeto do Instituto Centro Vida (ICV) tem um alcance ainda maior. Em parceria com a agência americana, o instituto desenvolve o projeto Assobio em 13 municípios das regiões norte e noroeste de Mato Grosso, beneficiando a agricultura familiar e povos de sete terras indígenas. Em nota, o ICV informou que as atividades “encontram-se no momento suspensas”.

A proposta do projeto é fortalecer as organizações comunitárias e cadeias produtivas da bioeconomia, incentivando a produção, certificação orgânica e novos modelos de negócios. Ou seja, ações que podem fazer diferença para melhorar a vida nas comunidades. De acordo com o ICV, “o projeto estava previsto para se estender por quatro anos com impacto direto em mais de cinco mil pessoas”. O valor não foi informado.

“O ICV aguarda um posicionamento definitivo do governo dos EUA e, até que isso ocorra, não fará avaliações sobre eventuais consequências ou medidas a serem adotadas”, diz a nota.

A  agência atua em diversos países com iniciativas que vão desde distribuição de alimentos e combate a incêndios até fornecimento de insumos médicos em áreas de desastres e programas voltados para diversidade, equidade e políticas LGBTQIA+.

O trabalho da Usaid  tem sido alvo de ataques, sendo até acusado de seguir uma agenda ‘de esquerda’. No entanto, mais do que uma questão partidária, o foco deveria estar no impacto das ações que beneficiam milhares de pessoas ao redor do mundo.

Compartilhe

Assine o eh fonte

Tudo o que é essencial para estar bem-informado, de forma objetiva, concisa e confiável.

Comece agora mesmo sua assinatura básica e gratuita: