Tudo certo, tudo errado
Falas para impressionar os conterrâneos, superficiais e autoritárias, ou no sentido de desviar a atenção de pontos que realmente preocupam a todos, foi o que deduzi da leitura que fiz das notícias dos primeiros quase 10 dias de performance do novo gestor de Cuiabá, Abílio Brunini.
Na perspectiva de ação concreta, na linha de iniciar algo, de fato, pouca coisa notei. Penso que estou meio apressada, mas não sozinha, pois verifiquei um incontido desagrado nos comentários dos leitores perante os eventos do prefeito noticiados na capital.
Seguem algumas manchetes – “Abílio determina destituição da Associação dos Feirantes”, “Abílio anula inauguração do Mercado do Porto”, “Abílio desinaugura obra inacabada de Emanuel”, “Abílio manda suspender cobrança de entrada no Aquário Municipal”, “Não quero que alunos fiquem no tablet ou celular” e “Abílio decreta calamidade financeira no 3º dia de gestão”.
Agora leiam algumas opiniões de leitores – “Abílio, você já foi eleito, agora é hora de mostrar serviço”, comentou um deles. “Isso aqui não é um reality show, é um município, capital de estado”, ponderou o seguinte. “Só vai ficar aparecendo para ganhar curtidas, é o fim da picada”, criticou mais um. “Para de reclamar, Abílio, você foi eleito pra resolver e não criar problemas”, complementou outro.
Na verdade, os discursos iniciais do prefeito, em ocasiões diversas, viraram facilmente manchetes para os meios noticiosos. E muitos deles, nesse começo do novo gestor, o aplaudiram em notas opinativas – “Bom começo”, “Apoio Popular”, “Gestor de pulso firme e corajoso”, anotaram.
Porém, como lembrou recentemente o jornalista Eduardo Gomes, um colega veterano como eu, em artigo intitulado Do Abílio que temos ao Abílio que precisamos, “alguma voz na mídia precisa voltar o foco para Abílio, mas sem dourá-lo e desapegada”.
Ao situar o prefeito no que chamou de “varejo superficial”, Eduardo assinalou que “as luzes sobre Abílio deixam claro que ele não botou o dedo na ferida na Saúde, tampouco deu nome aos bois aos empresários que dominavam a prestação de serviços, execução de obras e fornecimento de insumos para o município”.
Eduardo reiterou que, entre outras necessidades, “os cuiabanos querem saneamento, pavimentação, regularização fundiária, iluminação pública, habitação, industrialização da cidade, além da saúde”.
É sobre isso, ou é disso que senti falta nesse começo de prefeito novo. Estou junto com a leitora Giovana – ‘reconhecer o que precisa fazer/terminar é importante, mas mais importante ainda é traçar planos, partir para a ação e resolver” -, com o Luciano – “É o Abílio sendo Abílio. Causar polêmicas para mostrar que “está trabalhando” em prol da capital”-, e com o Mateus –“tem que parar de reclamar e trabalhar de fato, não de faz de conta”.
Mas desolador mesmo, quando se acha que vai encontrar algo impactante, forte, na leitura da entrevista da nova Secretária de Ordem Pública, Juliana Palhares, é se deparar com sua ‘prioridade’, que é o combate à poluição sonora em Cuiabá.
Ela quer uma cruzada contra escapamentos barulhentos na capital porque “são chatos pra caramba”.
Durmam com um barulho desses, digo eu já extremamente desesperançada.
Mesmo assim desejo um Feliz 2025 para Cuiabá e para os cuiabanos!
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